quinta-feira, março 25, 2010

RATING: Ao contrário do que sucede com Portugal, o rating du umblogsobrekleist permance firme e hirto em AA+, melhor do que muitos frigoríficos. Especuladores, ide bater a outra freguesia!

segunda-feira, março 22, 2010

PLEC = PROCESSO DE LEITURA EM CURSO:
"El Lado de la Sombra", contos de Adolfo Bioy Casares. As primeiras impressões são francamente boas. Graças ao contacto prévio com Cortázar, já sei que quando uma personagem fala em "comprar erva" está a referir-se a chá mate. O PLEC é também um percurso, que se constrói (adivinharam?) caminhando.

domingo, março 21, 2010

UMA CERTA TENDÊNCIA DE ANTÓNIO-PEDRO VASCONCELOS: Cada país e cada época têm as controvérsias cinéfilas que merecem. Em França, nos anos 50, Truffaut incendiou os ânimos com o artigo "Une Certaine Tendance du Cinéma Français". Mais de 50 anos depois, em Portugal, António-Pedro Vasconcelos proclama-se "dissidente do cinema europeu" (presumo que sem largar às gargalhadas), e atira um calhau imaginário a um não menos imaginário charco. Não contente, puxa do que ele acredita serem os seus galões para responder a um crítico, Vasco Câmara, que desancou o seu último ópus "A Bela e o Paparazzo". Não comento as opinões de VC, uma vez que não vi o filme (a vida é curta, a pilha de DVDs e livros em lista de espera cresce em vez de minguar, e ainda não vi nenhuma das sete novas maravilhas do mundo), limito-me a constatar que APV é um polemista sofrível, embora não lhe faltem algumas qualidades, como a ausência de receio de cair no ridículo. Há que saudar devidamente, por exemplo, tiradas como «Onde é que isso está, hoje (a emoção), no cinema que ele [Jean-Luc Godard] faz e VC defende?». O leitor fica na dúvida sobre se APV se está a referir ao mesmo Godard, ou se está a recorrer a um inaudito nível de ironia. Claro que o teor emocional de uma obra de arte dependerá sempre do receptor e das suas vivências pessoais, mas custa-me a acreditar que alguém possa ver "Nouvelle Vague", "Éloge de l'Amour" (sobretudo este), "Hélas pour Moi", "JLG/JLG" sem sentir como vibram de emoção e humanidade. Existe toda uma indústria em torno da história alternativa: romances, contos, filmes e ensaios que tentam responder a questões como: que aspecto teria hoje a Europa se Hitler tivesse ganho a guerra? APV é, que eu saiba, o único a dedicar-se à história alternativa do cinema. Infelizmente, parece revelar dificuldades em distinguir a realidade dos seus cenários alternativos favoritos, em particular aquele em que Godard e a estética da Nouvelle Vague teriam triunfado em toda a linha, alienando o público ao longo das décadas, e contribuindo para a condição moribunda do cinema europeu. Se é certo que a ruptura, por volta de 1960, foi real e irreversível, Godard não deixou seguidores nem tradição, os seus émulos directos são poucos e pouco interessantes, e não arrastou o cinema europeu para o abismo à custa de ensimesmamento e obstinação experimentalista. Procurem-se outros culpados, se for caso disso, e deixe-se Godard cumprir em paz o seu papel de interrogar o real e a História por meio de imagens e palavras, num exercício de lucidez que o leva a extremos por vezes incómodos. Se falharem o bom senso e a clarividência, que sejam a simples consideração e a decência a evitar que um autor que deu tanto ao cinema seja reduzido ao papel de profeta inconsciente que puxa o tapete por debaixo dos pés dos discípulos.

Éloge de l'Amour (2001)

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS: Um jovem lia Pessoa, "The Book of Disquiet", na linha amarela do metropolitano.

terça-feira, março 16, 2010

PLEC = PROCESSO DE LEITURA EM CURSO:

Dos escaparates da Fnac para o topo da minha lista de espera, em menos tempo do que leva a dizer «O joy! O rapture!».

quarta-feira, março 10, 2010

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS: A circulação estava suspensa na linha verde do metropolitano. De pé, junto das bilheteiras automáticas da estação de Telheiras, um jovem lia "Diário Remendado", de Luiz Pacheco. Ou como transformar uma vicissitude do quotidiano numa oportunidade de desfrutar da literatura portuguesa.

sábado, março 06, 2010

PARIS JE T'AIME: Amanhã (domingo), no suplemento do jornal "Público", será publicado um conto meu. A acção do conto decorre no injustamente esquecido bairro de Ménilmontant, em Paris. Amanhã nas bancas, em todo o país.

quarta-feira, março 03, 2010

CINEMA, AINDA "ANTICRISTO": Há uma frase do artigo da Wikipedia sobre o filme de Lars von Trier que me deixa boquiaberto: To get into the right mood before filming started, both Dafoe and Gainsbourg were shown Andrei Tarkovsky's The Mirror from 1975. "O Espelho", de Tarkovsky (por acaso um dos filmes da minha vida) e "Anticristo" parecem-me irreconciliavelmente opostos em todos os aspectos, do estilo ao argumento, do acidente à essência. "O Espelho" é um filme tão profundo e inimitável que expor-se a ele como fonte de inspiração pode dar lugar a resultados catastróficos e embaraçosos - parece ser esse o ensinamento a retirar daqui. Deixando de parte o sarcasmo, este foi o segundo filme de Lars von Trier que detestei, depois de "Dancer in the Dark". A sua misoginia atinge patamares patológicos e nauseabundos, a tal ponto que a motivação para a analisar e contextualizar se evapora. O cinema, assim como outras artes, é pródigo em casos clínicos. Só vejo nisso um problema quando a minha reacção perante um filme é o desejo de que o realizador faça uma pausa sabática para se tratar, em vez da esperança de que realize em breve um novo filme. Por enquanto, o balanço da obra de von Trier continua a ser positivo, muito graças a "Os Idiotas", "Dogville" e "Breaking the Waves". Mas o declive da encosta é, neste momento, abrupto e descendente.
PLEC = PROCESSO DE LEITURA EM CURSO:
Quem tem medo do PLEC? Não há que ter medo. Como qualquer processo, o PLEC é um meio, e não o fim. Um processo que nos conduzirá, assim o esperamos, a um Amanhã Melhor, Risonho e Ameno.
Neste momento, o último romance (ou o que quiserem) de uma das minhas autoras preferidas de língua portuguesa.
A seguir, quem sabe?

segunda-feira, março 01, 2010

PLEC = PROCESSO DE LEITURA EM CURSO: Da influência da traça urbana lisboeta na história de Portugal.
À VOLTA DE KLEIST: Assinale-se o ciclo "À Volta de Kleist", na cinemateca. Começa já no dia 4, com "A Marquesa de O..." de Rohmer, mas as restantes sessões terão lugar só a partir do dia 15.
CINEMA: Saúde-se o inesperado momento de refinadíssimo humor que ocorre no final do filme "Anticristo", de Lars von Trier. Falo, como é óbvio, da dedicatória a Tarkovsky.
SETE ANOS: Este blog existe há 7 anos, cumpridos hoje. Desde o primeiro dia que este blog é um blog onde se defendem os valores republicanos e da laicidade, francófilo assumido, bibliófilo e cinéfilo. Foi com o correr do tempo que surgiu e se instalou a empatia por todos aqueles que, kafkianamente, falham na vida real mas têm razão na metáfora.