quarta-feira, maio 26, 2010
segunda-feira, maio 17, 2010
FAZ-TE UM HOMEM! QUEIMA UM BOTTICELLI!:
«tenho de ver se qualquer dia escrevo qq coisa de jeito sobre o imenso Girolamo [Savonarola]. Pelo menos, era homem: queimava arte, ia directo ao assunto – não lhe escapavam os Botticellis desta vida» (Carlos Vidal)
Só nas caixas de comentários do "Cinco Dias" é que se lêem estas coisas.
NOTAS AVULSAS SOBRE A VISITA DO PAPA (4): Aulas canceladas, exames adiados, consultas que não se realizaram, desvios no trânsito, atrasos, escolas fechadas, lixo por recolher. Por mais difíceis de contabilizar que sejam, vale a pena pensar um bocadinho na multiplicidade de transtornos humanos que resultaram da incursão papal de um monarca absoluto pelo território de uma República livre, e destas tolerâncias de ponto ridículas, lamentáveis, incompreensíveis e impopulares.
quinta-feira, maio 13, 2010
CLUBE DO REGIME, CINEASTA DO REGIME: No espaço de poucos dias, ficámos todos a saber que o clube de futebol preferido do Presidente da República é o Olhanense, e que o seu filme da vida, pelos vistos, é "O Pianista" (ver rubrica "Os Filmes dos Presidentes"). Acto contínuo, o Olhanense garantiu a permanência na 1ª divisão (já estou velho para lhe chamar "Liga Sagres", ou seja qual for o patrocinador vigente). Será isto um prenúncio auspicioso para os imbróglios judiciais de Roman Polanski?
NOTAS AVULSAS SOBRE A VISITA DO PAPA (3): Quem tomou a decisão de, dentro da Carris, do Pingo Doce, do Diário de Notícias, de outras empresas e serviços, manifestar apoio explícito à visita do papa, saudar Joseph Ratzinger por meio de bandeirolas, dizeres ou qualquer outro meio, julgou talvez estar a homenagear uma figura consensual, um paladino da paz e da concórdia, uma fonte de onde nada pode jorrar senão o Bem. Mas esta visão é ingénua. O papa representa uma religião, uma agenda, uma mundividência. A sua acção e as suas palavras não são universalmente justas nem imunes à contestação. A nenhuma das suas visitas, discursos, atitudes é alheio o objectivo supremo de servir a causa de uma confissão religiosa, e dos valores a esta associados. Concorde-se ou não com o que Joseph Ratzinger diz e faz, apoiá-lo e celebrar a sua presença de forma incondicional e acrítica, por vezes no limite da vassalagem, como o têm feito tantos e com tanto alarido nos últimos dias, implica tomar partido. Haja consciência disso.
terça-feira, maio 11, 2010
NOTAS AVULSAS SOBRE A VISITA DO PAPA (2): Compreendo que um católico anseie por ver o papa porque é o papa, o herdeiro do trono de S. Pedro, o símbolo da sua fé, independentemente do homem, das suas limitações e defeitos, das suas palavras, dos seus antecedentes. Não compreendo que uma comunicação social que se desejaria crítica, lúcida e imparcial, as hierarquias mais elevadas de um país soberano e laico, participem desse êxtase colectivo e abdiquem, em nome do protocolo ou da deferência, da faculdade de julgar, do sentido da proporção, do contraditório a que não deixaria de estar sujeita qualquer outra personalidade.
LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS: Uma senhora lia "O Vermelho e o Negro" na linha verde do metropolitano. Haveria aqui pasto para trocadilhos cromáticos, indignos de um blog que se pauta pela sobriedade. Mas digam lá se Stendhal, de manhãzinha, num transporte público, não é uma coisa linda.
Também na linha verde, outra senhora lia Sartre: "Pena Suspensa".
quinta-feira, maio 06, 2010
TEATROÀPARTE APRESENTA "APESAR DE TUDO É UMA MÚSICA":
O Teatroàparte apresenta a peça "Apesar de Tudo É Uma Música", a partir de Jacques Prévert, com encenação de Bruno Bravo.
«Partindo do imaginário de Jacques Prévert para a construção de um espectáculo que visita as diversas linguagens do autor, desde a poesia ironicamente pedagógica aos textos dramáticos plenos de uma fantasia amarga, o teatroàparte fabrica um diálogo entre as palavras e a música, os sons e os silêncios. Um trabalho que pretende ser uma aproximação aos anseios de Jacques Prévert, colocando em palco as figuras maiores e menores que sussurram na sua obra. Um espectáculo com música mas sem ser musical, onde se cantará Prévert e a sua canção.»
No Auditório da Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, em Telheiras
13 Maio 22h 14 Maio 22h 15 Maio 22h 20 Maio 22h 21 Maio 22h 22 Maio 22h 27 Maio 22h 28 Maio 22h 29 Maio 16h e 22h
PETIÇÃO "CIDADÃOS PELA LAICIDADE":
Porque Portugal ainda não é, que me conste, um anexo da Santa Sé. Assinar aqui.
sábado, maio 01, 2010
RETRATO DO ARTISTA ENQUANTO ESTOUVADO:
«Je réfléchis quelques instants à l'asile que je choisirais pour la nuit, et j'allai demander l'hospitalité à une personne de vertu moyenne que j'avais connue au commencement de l'hiver.» (Benjamin Constant, Le Cahier Rouge)
Considero soberba a expressão "personne de vertu moyenne". "Le Cahier Rouge" (ou "Ma Vie") é um curto texto de cariz autobiográfico que abrange a primeira vintena de anos do autor, e que integra a minha edição de "Adolphe". O destaque vai para os numerosos disparates de juventude (dívidas, paixonetas) que Constant relata com imperturbável candura. Por exemplo, quando o pai o tenta recambiar de Paris para Bois-le-Duc, onde se encontra o regimento a que pertencia, Constant decide fugir para Inglaterra, via Calais. Quando chega a Londres, apesar do capital limitado de que dispõe e da angústia perante as previsíveis consequências do seu gesto, a primeira coisa que faz depois de resolver a questão do alojamento é comprar dois cães e um macaco. A incompatibilidade de feitios com o macaco persuade-o a devolvê-lo, trocando-o por um terceiro cão.
LET'S IGNORE THE TRAILA: Nunca vi um book trailer, nem faço planos para, seja a curto, médio ou longo prazo, colmatar essa lacuna na minha formação cultural. A perda, sem dúvida, é toda minha. Basta olhar para os sorrisos de orelha a orelha que arvoram os consumidores vorazes de book trailers com quem me cruzo na via pública.
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