domingo, março 02, 2003
sábado, março 01, 2003
Numa época que receia as causas, como se receiam as investidas de um vizinho importuno, com fama de lunático, a entrega a uma causa pode revestir-se de formas muito diversas. Nem todas envolvem um antigo armazém na zona de Alcântara (mediocremente aquecido), ou a encenação de uma peça de Heinrich von Kleist (1777-1811), ou tempo roubado aos afazeres, ao sono, às obrigações sociais, ou adereços vários.
Não era inevitável que este projecto transbordasse para a esfera da vida real, e que as frases, gestos, sussurros, combates simulados, amuos, versos livres, pausas, enganos, contornos de lábios, convicções, se instalassem no quotidiano, nas semanas, no domínio público.
Não era inevitável, mas qualquer um de nós o poderia prever, se as implicações do credo que nos unia tivessem sido sondadas desde o início. E esse credo era (é): UMA MÁXIMA QUE É VÁLIDA NO PALCO É-O TAMBÉM NA VIDA.
Talvez a essência daquilo que se persegue durante os ensaios acabe por ganhar hegemonia no Mundo, e talvez sirva de pólo/intérprete/rasto de pedrinhas para todos os assuntos do Mundo; e talvez a verdade daquilo que assim se desoculte seja melancólica.
Ainda assim, e ainda que seja esse o último capítulo da história do mundo
é importante (ou, pelo menos, vagamente edificante) que alguém faça a crónica.
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