quarta-feira, outubro 27, 2010

MAIS PÉROLAS DA "PARIS REVIEW": INTERVIEWER: Is Jorge Luis Borges the only other contemporary poet of note who is also a librarian, by the way? Are you aware of any others? PHILIP LARKIN: Who is Jorge Luis Borges? (...) PHILIP LARKIN: I met Auden once at Stephen Spender's house, which was very kind of Spender, and in a sense he was more frightening than Eliot. I remember he said, Do you like living in Hull? and I said, I don't suppose I'm unhappier there than I should be anywhere else. To which he replied , Naughty, naughty. I thought that was very funny. ("The Paris Review Interviews, vol.2")
O MEU CORAÇÃO SÓ TEM UMA COR, VERMELHO E NEGRO: No meio do caos, quase deixava passar em claro o regresso milagroso do blog do melhorio "O Vermelho e o Negro". De finado a ressuscitado: isto sim, é um percurso meritório, e a segunda lei da termodinâmica que se vá encher de moscas.
MAGISTRATURA DE INFLUÊNCIA: Neste blog, acreditamos nos poderes da magistratura de influência. E não só por constatação empírica das suas virtudes, mas também por convicção moral solidamente ancorada.

quarta-feira, outubro 20, 2010

BALANÇO DO NOBEL: O Vaticano criticou o prémio Nobel da medicina. O PCP criticou o prémio Nobel da paz. A isto chamo eu um excelente balanço. O único aspecto negativo foi a desconsideração da Academia Sueca pelos numerosos bloggers portugueses que, ano após ano, proclamam alto e bom som a parcialidade das escolhas do Nobel da literatura e a sua submissão a agendas terceiro-mundistas, politicamente correctas, esquerdizantes, feministas, altermundialistas, etc. Vargas Llosa foi um erro de casting. Para 2011, espera-se uma escolha mais compatível com as edificações mentais deste respeitado sector da opinião pública portuguesa.
APENAS UMA SUGESTÃO: INTERVIEWER: Some people say they can't understand your writing, even after they have read it two or three times. What approach would you suggest for them? WILLIAM FAULKNER: Read it four times. ("The Paris Review Interviews, vol.2")
LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS: Um cavalheiro, no metropolitano (não me recordo em que linha), lia "Um Rapaz da Geórgia", de Erskine Caldwell. (Seria a tradução de Jorge de Sena?) Estava de pé. A menos de um metro dele, um outro cavalheiro, este sentado, lia "The Wrench", tradução inglesa do excelente livro de Primo Levi "La Chiave a Stella". Cheguei a recear que estes dois leitores em lugares públicos, ao tocarem-se, se aniquilassem numa tremenda explosão de energia, mas isso não aconteceu.

terça-feira, outubro 05, 2010

O MEU FAVORITO PESSOAL PARA O NOBEL DA LITERATURA:
Não consultei a sua cotação nas principais casas de apostas, mas duvido que paguem menos do que 1 para 10 000. Fica feita a promessa soleníssima de que, caso o prémio seja atribuído a Michel Butor, irei pagar uma rodada de imperiais (ou uma alternativa não alcoólica) às primeiras doze pessoas que escreverem para este blog, desde que tenham o cuidado de inserir uma citação do autor no assunto da mensagem.
PLEC = PROCESSO DE LEITURA EM CURSO: O Processo continua, contra tudo e contra todos, gozando já de uma adesão popular que ninguém pode ignorar. Provavelmente teria deixado passar este livro, não fossem os ecos que ele teve na blogosfera mais atenta. Falo, em particular, das recensões do João Paulo Sousa e do José Mário Silva, decisivas para aguçar a minha curiosidade relativamente ao romance de Dag Solstad. Uma das coisas que achei mais bem conseguidas neste livro foi a escolha do factor responsável pela crise que abala a vida da personagem principal, um professor norueguês do ensino secundário. Em plena aula, ele julga descobrir uma perspectiva nova sobre uma peça de Ibsen, capaz de iluminar a obra e de revelar significados até aí ocultos; algo, enfim, a meio caminho entre o grandioso e o banal. Uma crise pode nascer de um abalo ou de uma acumulação de anos de nulidade; atribuí-la a um evento que mal sobressai de um fundo de mediocridade, a um pequeno novelo de heterodoxia invisível para os demais, revela coragem e clarividência notáveis. Por coincidência, vi pela segunda vez "Coitado do Jorge", de Jorge Silva Melo, enquanto estava a ler "Pudor e Dignidade". No filme, a crise vivida pela personagem de Jerzy Radziwilowicz parece fruto de geração espontânea, isenta de motivo ou de foco. É um processo com vida própria que parece ocupar os interstícios, cada vez maiores, entre os vários planos da realidade, e que suga energia das fricções, dos movimentos dos corpos, dos sons desencontrados. Tudo isto é admiravelmente concretizado pela realização e pelos actores, pelos planos que funcionam como organismos dotados de dinâmica, propósito, contradições. A origem da crise, da ruptura, do conflito é um dos aspectos onde mais limpidamente se revelam a ousadia e a inteligência narrativa do autor. Pena é que, na grande maioria dos casos, a solução adoptada redunde em cedências a psicologia de fascículo.
VIVA A REPÚBLICA!:

1910-2010

Uma homenagem a todos aqueles que a tornaram possível.