segunda-feira, novembro 21, 2011

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS: Num bar da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, um leitor e uma leitora passavam-se mutuamente um exemplar de "Wuthering Heights", apontavam páginas e frases, riam a bom rir.

Ergueu-se há uns dias um burburinho maçador por causa de uma reportagem que, supostamente, provava a colossal ignorância dos frequentadores do ensino superior nacional. (A talhe de foice: leiam aquilo que o Vasco escreve e não percam mais tempo com o assunto.) Pelo que me toca, preocupo-me mais por a nossa juventude encontrar motivo para galhofa em Emily Brontë do que por não saber quem pintou o tecto da Capela Sistina.
UM BLOG SOBRE ELE...: Cumprem-se hoje 200 anos sobre o dia em que Heinrich von Kleist, escritor, editor, ex-funcionário público e ex-militar, desiludido com a vida a ponto de entrar num pacto suicida, matou a tiro Henriette Vogel antes de atirar fatalmente sobre si mesmo. Foi nas margens do pequeno lago de Wannsee, perto de Berlim; Kleist tinha 34 anos. Escolhi Kleist para dar nome a este blog um pouco por acaso, um pouco por convicção, muito por causa de um feixe de circunstâncias da minha vida que o tempo (mais de 8 anos e meio) trabalhou mas não apagou. Agora, agradeço essa inspiração oblíqua. Kleist tem sido um patrono gentil e sincero. Uma época de paradoxos pede a arte remota de alguém que traduziu os paradoxos e os sobressaltos da razão com uma acuidade nunca igualada. Habitar esta época sem a companhia de Kleist significa privar-se de um ângulo de visão e de um fio de lucidez precioso.


terça-feira, novembro 08, 2011

MORANGOS COM AÇÚCAR: É uma verdade cruel, mas que devemos encarar com frontalidade: as bandas dos "Morangos com Açúcar" estão cada vez piores. Que longe nos parecem agora os tempos gloriosos dos D'ZRT. Até as Just Girls começam já a despertar saudades.
LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS: Uma leitora lia "Les Nourritures Terrestres", de André Gide, no bar do Instituto Franco-Português em Lisboa. Alguns poderão objectar: «Ah e tal, pois é, tipo assim é fácil, isso é fazer batota, no bar do Instituto Franco-Português também eu era capaz de descobrir leitores em qualidade e quantidade». A esses, eu respondo apenas com o meu desprezo.