quinta-feira, fevereiro 28, 2013

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Na estação de metro do Saldanha, do lado da linha vermelha, uma leitora lia "Atonement", de Ian McEwan. Ler é maçada? Felizmente há quem discorde.
REFUNDAÇÃO: Será que o Estado carece de uma refundação? Este debate apaixona as massas. Do que não restam dúvidas é de que o blog, esse sim, precisa de ser refundado. Para já, aqui está o novo template. Seguir-se-á uma mudança de paradigma.

segunda-feira, fevereiro 25, 2013

EM BREVE: Este blog é tão vetusto que se prepara para cumprir 10 anos. Como a Santa Sé não possui o monopólio das mudanças, o dia 1 de Março, para além desta grandiosa efeméride, servirá para inaugurar um novo template. Mas não será só a aparência que irá mudar. Vai tratar-se, acima de tudo, de uma mudança de paradigma.
FRASE DO DIA: A frase do dia, do inevitável João César das Neves, é esta:

«Quanto ao resto dos católicos, eles estão menos preocupados em saber quem querem que o novo Papa seja do que em saber o que o novo Papa vai querer que eles sejam.»

É o papa quem decide o que quer que os seus fiéis "sejam"? Uau. Não surpreende que Ratzinger tenha desistido. Demasiado poder sobre demasiadas mentes alheias. Deve acabar por cansar.
LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS: Na linha verde do metropolitano: leitora lia "Contos Éroticos", de Moravia. Mesma linha, dia diferente, leitora diferente: Oscar Wilde, "De Profundis".

quinta-feira, fevereiro 21, 2013

PUREZA E BELEZA: Uma grande crítica de Luís Miguel Oliveira a "Psycho", agora de regresso às salas portuguesas. Quem diz "pureza do gesto" está quase a dizer "beleza do gesto", o que remete para o recente e fascinante "Holy Motors" de Carax.


Também gostei da referência a "Frenzy" como "o último dos seus grandes, grandes filmes". Subscrevo.

quarta-feira, fevereiro 13, 2013

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS: Na linha verde do metropolitano, uma leitora lia, de pé, "Os Livros Que Devoraram o Meu Pai", de Afonso Cruz. É assim mesmo!

domingo, fevereiro 10, 2013

Paris is the city, isn't it, and I am a lover of cities. It can be experienced much more pleasantly and conveniently than any other city I know. (...)each arrondissement is like a separate province, with its own capital and customs and even costumes.

(John Ashbery, entrevista na "Paris Review", volume 4.)

Não tenho absolutamente nada a acrescentar ao que o senhor Ashbery diz.

sábado, fevereiro 09, 2013

AGUENTA AGUENTA (3): Eu bem queria. Eu bem queria remeter o infeliz episódio Ulrich para o seu bem merecido nicho no armário das minhas preocupações passadas. Mas não consigo. Há qualquer coisa nesta sucessão de declarações emitidas por este homem estúpido, insensível e arrogante que me compelem a orbitar em seu redor, sem me conseguir libertar do seu abraço gravítico.

A bem da brevidade, e para não arrastar o leitor para esta armadilha kepleriana, apenas duas coisas:

1) As declarações de Ulrich são tão reveladoras da sua pequenez humana como da situação que vivemos. Há 5 ou 10 anos, ninguém se atreveria a ir tão longe, fora das caixas de comentários de pasquins online. Hoje, de tanto se pôr em causa aquilo que não se julgava capaz de ser posto em causa, certas criaturas sentem o odor do sangue e atrevem-se finalmente a expulsar verbalmente aquilo que lhes bailava na alma.

2) Verifica-se mais uma vez que aqueles que reclamam com calor não aceitar lições de sensibilidade (ou de moralidade, ou de civismo, ou de ética) são precisamente aqueles que mais carentes estão dessa pedagogia.

Às três é de vez. Prometo agora concentrar-me no balanço do ano cinematográfico, em Barbey d'Aurevilly, nos poemas de Denise Levertov e na doçaria tradicional portuguesa.

terça-feira, fevereiro 05, 2013

LEITURAS: Barbey d'Aurevilly (1808-1889) pode ser descrito como um dandy reaccionário. A literatura francesa é provavelmente mais fértil do que qualquer outra em paradoxos ambulantes deste género. Um dos aspectos que mais aprecio neste autor é o descaramento tranquilo com que vai colocando as suas opiniões políticas na boca dos seus narradores. Por exemplo, em "Le dessous de cartes d'une partie de whist" (quarto conto de "Les Diaboliques"):

«Elle faisait naturellement, simplement, tout ce que faisaient les autres femmes dans sa société, et ni plus ni moins. Elle voulait prouver que l'égalité, cette chimère des vilains, n'existe vraiment qu'entre les nobles. Là seulement sont les pairs, car la distinction de la naissance, les quatre générations de noblesse nécessaires pour être gentilhomme, sont un niveau.»

Discordo a 200%, mas quase dá vontade de concordar com uma enormidade vertida com tanto espírito.
FORMA DE VIDA: Uma nova revista. Há um conto inédito meu. E há, sobretudo, muito e muito bom para ler.

segunda-feira, fevereiro 04, 2013

AGUENTA AGUENTA (2): Não é costume meu praticar o exercício de adivinhar intenções e estados de espírito alheios. Neste caso, porém, arrisco um palpite: Fernando Ulrich deve ter achado que colocar a hipótese de se vir a transformar num sem abrigo era um rasgo de humildade que o reconciliaria, em definitivo, com a ingrata opinião pública portuguesa. A evidência de que, bem pelo contrário, é um acto de arrogância descomunal talvez comece lentamente a ganhar terreno no seu entendimento.

sábado, fevereiro 02, 2013

AGUENTA AGUENTA: Sim, talvez a única questão a que faz sentido procurar resposta, neste caso lamentável, é aquela colocada por Pedro Lains: onde aprendeu Fernando Ulrich a dizer coisas assim? Partidários da "nature" e da "nurture" podem encontrar aqui uma ocasião dourada para dar novo ímpeto a este debate, que tende a eternizar-se. A idiotice, a falta de sensibilidade social e a boçalidade são traços inatos ou surgem à custa de interacções mais ou menos felizes com a sociedade?