sábado, julho 25, 2015

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Na linha amarela do metropolitano, um leitor lia um livro (não identificado) de José Gomes Ferreira. Refiro-me ao autor falecido em 1985 e colaborador da Presença e Seara Nova (como o comprovava a fotografia da contracapa que consegui avistar), e não ao omnipresente comentador de Economia da SIC.

Seja qual for o contexto, circunstâncias e ângulo de análise, a leitura de um livro de JGF no metro é algo que urge enaltecer.

sábado, julho 18, 2015

DO ODIOSO

Os episódios e intoxicações que se foram sucedendo na chamada "crise da dívida grega" foram pródigos em razões para ficarmos desmotivados, consternados e dubitativos quanto ao futuro do projecto europeu e à boa fé daqueles de cujas decisões este depende. Talvez nenhumas me tenham deixado tão indignado como aquelas que configuraram atitudes de revanchismo e escárnio, mais ou menos disfarçadas. Quando essas atitudes partem de cronistas inimputáveis ou de comentadores galhofeiros, a coisa tolera-se. O caso torna-se mais grave quando se trata de altos responsáveis, como é o caso do ministro das Finanças da Eslováquia:


terça-feira, julho 14, 2015

14 DE JULHO

Mais do que um símbolo, mais do que um virar de página, mais do que o princípio de tudo, mais do que História a fazer-se com estrondo e furor: tudo isso ao mesmo tempo.

Imagem retirada daqui.

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Um leitor lia um livro de Ödön von Horváth na linha verde do metropolitano. Pareceu-me tratar-se de "Casimiro e Carolina/Histórias do Bosque de Viena" (edição Cotovia).

Indiferentes a greves e concessões, os utentes do metropolitano continuam a ler e a fazer jus à reputação da linha verde.

domingo, julho 12, 2015

UM GOVERNO DE SENHORES

«Ya lo dije en un poema de un libro mío reciente: [la democracia] es un abuso de la estadística, y nada más.

(...)

No creo en la posibilidad de una democracia argentina.

(...)

Postergar las próximas elecciones unos trescientos o cuatrocientos años... La única solución es tener un gobierno fuerte y justo, un gobierno que gobierne, y un gobierno de señores y no de hampones.»

(Jorge Luis Borges, entrevista a Joaquín Soler Serrano, in "Escritores a Fondo", Planeta, 1986)

Sei que não devia, mas é mais forte do que eu: quando leio ou escuto uma opinião, emitida por alguém que admiro e com a qual discordo visceralmente, o efeito é parecido ao de uma ofensa pessoal.

(NOTA 1: "hampón": Se aplica a la persona que vive de forma marginal cometiendo acciones delictivas de manera habitual.)

(NOTA 2: A entrevista teve lugar em 1978 ou 1979, quando a junta de Jorge Videla estava no poder.)

terça-feira, julho 07, 2015

MARIA BARROSO (1925-2015)

A minha única recordação pessoal de Maria Barroso esteve ligada ao teatro. Em 2007, participei numa encenação amadora de "A Casa de Bernarda Alba", de García Lorca. Maria Barroso, que representara esta mesma peça décadas atrás, aceitou amavelmente o convite para vir assistir. No final, deixou-se ficar para dialogar com os membros do grupo. A sua espontaneidade, simpatia e generosidade cativaram-me, apesar da brevidade do momento.

De resto, acho notável que tenha protagonizado uma vida pública ao mesmo tempo tão longa, tão exposta e tão pobre em passos em falso, episódios lamentáveis ou tiradas infelizes. (Mas decerto que os profissionais da maledicência estão a fazer o que podem para corrigir a situação.)

Maria Amélia Aranda e Maria Barroso em "Benilde ou a Virgem Mãe", de Manoel de Oliveira (1974)