sábado, janeiro 30, 2016

JR

Morreu Jacques Rivette (ontem). Não tenho ânimo para palavras, considerações, tentativas de obituário. Nem sequer para imagens. Aquela que ocupa o cabeçalho deste blog, retirada do filme "Céline et Julie Vont en Bateau", é uma homenagem permanente que não tem nada a ver com acidentes terrenos como a vida e a morte.

Este blog está de luto carregado.

Bem sei que a obra permanecerá, mas o que eu queria era que nem a obra nem a pessoa deixassem de existir.

domingo, janeiro 24, 2016

L'OBJET

Donc, désirer, créer quelquer chose qui ait les qualités de l'objet, rien ne me semble plus normal. On m'a reproché de tendre à l'objet ; certains m'en ont félicité, d'autres me l'ont reproché. Eh bien, il me semble que c'est au fond à quoi tendent (selon le raisonnement que je vous tiens à l'instant) tous ceux qui écrivent, quels qu'ils soient.

(Francis Ponge, Méthodes, Folio/Gallimard, 1999, p. 197)

sexta-feira, janeiro 22, 2016

NÓTULAS POLÍTICAS EM TEMPOS BASTANTE INTERESSANTES

Há sobretudo um mundo que o separa do seu principal adversário, essa invenção da retórica barroca que se chama Sampaio da Nóvoa, um professor que conseguiu chegar a reitor sem ter obtido nenhum dos seus títulos académicos em Portugal, um académico que não tem investigação de relevo publicada em revistas internacionais, mas mesmo assim um sedutor e alguém que teve artes de atribuir, como reitor da Universidade de Lisboa, doutoramentos “honoris causa” aos três ex-Presidentes da República que o apoiam. (José Manuel Fernandes)

Estes tempos bastante interessantes que atravessamos trazem à superfície aquilo que de mais descarado, rasteiro e delirante as pessoas trazem dentro de si. Tratando-se de JM Fernandes, o que de mais rasteiro ele tem vem directamente da fossa séptica, sem intermediação. Revolta-me particularmente a alusão aos títulos académicos obtidos fora de Portugal. Qual é o problema disso? Só alguém tão tacanho e ressabiado como JMF se lembraria de uma destas. António Sampaio da Nóvoa tem uma licenciatura e um doutoramento em Ciências da Educação pela Universidade de Genebra e um segundo doutoramento, em História Moderna e Contemporânea, pela Universidade de Paris IV. Isto não faz necessariamente dele um bom candidato a Presidente, mas devia livrá-lo de alusões toscas e maldosas sobre o seu currículo académico. Se JMF está a tentar pôr em causa a qualidade destas universidades, então força. Ficarei a assistir da bancada a esse interessante exercício.

quarta-feira, janeiro 20, 2016

NON-SIGNIFICATION

Ainsi (...), la non-signification du monde peut bien désespérer ceux qui, croyant (paradoxalement) encore aux idées, s'obligent à en déduire une philosophie ou une morale. Elle ne saurait désespérer les poètes, car eux ne travaillent pas à partir d'idées, mais disons grossièrements de mots. Dès lors, nulles conséquences. Sinon quelque réconciliation profonde : création et récréation. C'est que pour eux enfin, qu'il signifie ou non quelque chose, le monde fonctionne. Et voilà bien après tout ce qu'on leur demande (aux œuvres comme au monde) : la vie.

(Francis Ponge, Méthodes, Folio/Gallimard, 1999, p.161)

quinta-feira, janeiro 14, 2016

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Linha verde do metropolitano. Um leitor lia "Palácio de Cristal", de Peter Sloterdijk.

As teorias filosóficas da globalização chegam a Telheiras.

terça-feira, janeiro 12, 2016

DAVID BOWIE

A quantidade e intensidade dos tributos que invadiram a imprensa e as redes sociais dizem muito sobre o extraordinário impacto que este homem teve na música e em tantas vidas. Mas aquilo que verdadeiramente importa é a música. Não tenho nada de original para escrever sobre David Bowie, mas tenho esta e muitas outras canções que são também mapas sentimentais da minha vida.

segunda-feira, janeiro 11, 2016

NÓTULAS POLÍTICAS EM TEMPOS BASTANTE INTERESSANTES

Ouvir alguém sugerir que este pode ser o ponto final da carreira política de Paulo Portas transmite-me a reconfortante certeza de saber que existem pessoas ainda mais ingénuas do que eu.

segunda-feira, janeiro 04, 2016

MICHEL DELPECH (1946-2016)

Dos cinco "Michel" da canção francesa nascidos nos anos 40 (os outros são Jonasz, Fugain, Polnareff e Sardou), foi o primeiro a desaparecer. Michel Delpech deixou numerosos temas que provam que a canção popular não é incompatível com o bom gosto. O timbre claro e quente da sua voz favorecia a empatia do ouvinte. Detesto caça, mas esta canção é sem dúvida a minha preferida dele.

sexta-feira, janeiro 01, 2016

SEJAM FELIZES EM 2016

O autor e representante legal deste blog deseja a todos os sócios e simpatizantes um ano novo de 2016 ridiculamente feliz. Nós cá continuaremos na nossa missão de revelar verdades incómodas, mexer com os interesses instalados, acertar com pedras no charco e romper tabus com estonteante alacridade. Isto, claro, se não surgirem coisas mais importantes e divertidas para fazermos.