quarta-feira, julho 17, 2019

Vim cantar-te a canção do mundo,
mas estás de ouvidos fechados
para os meus lábios inexatos(...)


(Cecília Meireles)

terça-feira, julho 16, 2019

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Linha amarela do metropolitano. Um leitor lia "Cenas Vivas", de Fiama Hasse Pais Brandão.

A concentração deste leitor na sua leitura era uma coisa bonita de se ver.

segunda-feira, julho 15, 2019

EFEMÉRIDE

O arquitecto inglês Inigo Jones nasceu há 446 anos.

domingo, julho 14, 2019

TOMADA DA BASTILHA

Há 230 anos, neste dia, o povo de Paris tomou a Bastilha.


quinta-feira, janeiro 03, 2019

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

No cais da estação de metro do Campo Grande (linha verde), uma leitora lia "A Ronda da Noite", de Agustina Bessa-Luís. Bela maneira de começar o ano.

sexta-feira, novembro 30, 2018

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

No cais da estação de metro do Saldanha, linha vermelha, uma leitora, de pé, lia "Master and Margarita", de Bulgakov. Um dos maiores romances do século XX, por sinal.

sexta-feira, dezembro 22, 2017

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Na Faculdade de Ciências, em Lisboa, um leitor lia "A Morte é uma Flor", de Paul Celan.

Se eu não actualizasse o blog para contar isto, mais valia fechar o estaminé.

Boas Festas a todos!

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Em pleno voo Milão-Lisboa, um leitor lia "A Sibila", na nova edição da Relógio d'Água.

Os livros de Agustina Bessa-Luís são tão excelentes ao nível do mar como a milhares de pés de altitude.

sábado, novembro 04, 2017

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Uma leitora lia, de pé, o novo livro de Gastão Cruz, "Existência". Foi na linha verde do metropolitano.

Em tempos de canícula extemporânea, a poesia ajuda a refrescar os espíritos.

quinta-feira, outubro 05, 2017

VIVA A REPÚBLICA!

Obrigado a todos os que tornaram e tornam a República possível, a 4 de Outubro de 1910, 5 de Outubro de 1910, 6 de Outubro de 1910 e em todos os dias que se seguiram.


quarta-feira, setembro 27, 2017

quarta-feira, agosto 30, 2017

sexta-feira, agosto 25, 2017

Il n'y a que deux choses sur lesquelles on n'ait pas encore trouvé les moyens d'être hypocrite : amuser quelqu'un dans la conversation, et gagner une bataille.

(Stendhal, "Lucien Leuwen")

terça-feira, agosto 08, 2017

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Na linha verde do metropolitano, um leitor lia "A Montanha Mágica", de Thomas Mann. Leitura de férias?

Aproveito para comunicar aos leitores que o umblogsobrekleist não irá de férias. Estes longos silêncios intercalados por efusões verbais esporádicas e gratuitas irão prolongar-se pelo mês de Agosto e até à ansiada rentrée.

quarta-feira, julho 19, 2017

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Na linha verde do metropolitano, no meio de um aglomerado denso de consultadores compulsivos de telemóveis, uma leitora lia "Os Irmãos Karamazovs".

Não quero ser preconceituoso. Admito que alguns deles estivessem a ler clássicos russos nos seus ecrãs minúsculos. Mas tenho as minhas dúvidas.

sexta-feira, julho 14, 2017

14 do 7

Detesto a violência, mas não acredito que o progresso social e a conquista dos direitos humanos possam, historicamente, ser alcançados apenas por meio do consenso entre pessoas de bem e por meio de evoluções graduais e pacíficas. Edmund Burke acreditava nisso; muitos dos seus seguidores hodiernos, menos subtilmente mas mais insidiosamente, também acreditam. Gostaria que as rupturas que fizeram da história europeia do século XIX um tortuoso caminho em direcção a um mundo um pouco mais suportável tivessem ocorrido sem derramamento de sangue. Nem sempre é verdade que "só a violência ajuda onde a violência impera" (Brecht), mas frequentemente é assim. Viva o 14 de Julho!

"La Marseillaise" (Jean Renoir, 1938). Retirado daqui.

sábado, julho 08, 2017

terça-feira, junho 20, 2017

Viver uma vida é também, ou sobretudo, gerir este desejo de validação e aprovação alheia que nos acompanha, mais ou menos domesticado, do princípio ao fim.

terça-feira, abril 25, 2017

25 4 1974

25 de Abril, sempre. Sem relativizações, sem referências mais ou menos manhosas a outras datas, sem "Ah, pois é, mas...", sem trocadilhos tendenciosos ("evolução/revolução"), sem mais nada. Apenas uma janela aberta de repente a separar o antes e o depois.

(Imagem retirada daqui.)


domingo, janeiro 15, 2017

Da exposição "Tentativa de Esgotamento" (2015-16), Daniel Blaufuks
Houve um dia em que o mundo tentou entrar, quando um empreiteiro bateu à porta e avisou de que o proprietário gostaria de trocar a janela por uma moderna com vidros grandes que deixariam entrar mais luz e menos frio e com a qual eu seria muito mais feliz. Ainda ele falava e já eu tinha fechado a porta.

(Daniel Blaufuks, texto de apresentação da exposição "Tentativa de esgotamento")

quarta-feira, janeiro 04, 2017

domingo, janeiro 01, 2017

Passam as horas violentas, do repúdio e do desassossego e passam igualmente as higiénicas, da acomodação. Passam também as de crítica, praticamente inútil. Passa tudo e volta tudo.

(Irene Lisboa, "Solidão")

sexta-feira, dezembro 30, 2016

Esse logro que consiste em julgar que existe uma resposta diferente de "sim" ou "não" para a pergunta «És feliz?». Bom 2017.

quinta-feira, dezembro 29, 2016

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

No Alfa Pendular, entre Porto e Lisboa, um leitor lia "Finisterra", de Carlos de Oliveira.

Há lá melhor lugar e circunstâncias para pôr em dia a leitura dos clássicos portugueses do século XX do que sobre carris, a 200 quilómetros por hora?

domingo, novembro 13, 2016

domingo, outubro 23, 2016

How attractive, how delectable, the prospect of intimacy is, with the very person who will never grant it.

(Alice Munro, "The Turkey Season")

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

No comboio Porto-Aveiro, uma leitora folheou "Espaço do Invisível 3", de Vergílio Ferreira, antes de o guardar na mala e começar a ler outro livro, que não consegui identificar.

domingo, outubro 16, 2016

SETSUKO HARA (1920-2015)

(Obituário escrito por mim e publicado originalmente na revista LER.)


A actriz Setsuko Hara (1920-2015), que desapareceu a 5 de Setembro [de 2015]  (o anúncio surgiu mais de dois meses depois), participou pela última vez num filme em 1962, mas perdurou na memória dos cinéfilos graças sobretudo aos filmes que Yasujiro Ozu realizou entre 1949 e 1961. Nestes, a sua personagem é quase sempre uma mulher inteligente, sensata e activa, mas condicionada por conflitos entre gerações ou por situações familiares complexas. Representar personagens positivas e gentis pode ser uma vantagem aos olhos da posteridade, mas a explicação para o facto de Hara ser tão recordada e chorada mais de meio século depois da sua última aparição não se pode resumir a isso. Como escreveu Miguel Esteves Cardoso, a propósito da literatura: não basta escrever bem sobre coisas belas e moralmente defensáveis: convém também ser-se boa pessoa. Hara pertencia àquele rarefeito conjunto de actrizes que dão corpo a personagens plenas de uma humanidade sereníssima e que o fazem esplendidamente (porque é também de um talento assombroso que se está aqui a falar). Quanto à pessoa, essa remeteu-se à reclusão quando abandonou o cinema, mas deixou atrás de si uma presença humana que transcende os filmes e os anos e que condensa toda a decência, doçura e verticalidade que o cruel século XX teve para oferecer. Setsuko Hara foi a amiga, a irmã, a filha, a mãe, a mulher e a amante que todos julgamos, muito lá no fundo, poder vir a merecer. Os minutos finais de Viagem a Tóquio (1953), e em particular a cena em que Hara e o (também imenso) Chishu Ryu, de três quartos, parecem trespassados pelos cabos eléctricos omnipresentes nos filmes de Ozu, são momentos em que se percebe que o cinema é afinal uma maneira de tocarmos e olharmos de frente esse estranho fenómeno que se chama estar vivo no mundo.

terça-feira, outubro 11, 2016

OFÍCIO

Os poemas que não fiz não os fiz porque estava
dando ao meu corpo aquela espécie de alma
que não pôde a poesia nunca dar-lhe

Os poemas que fiz só os fiz porque estava
pedindo ao corpo aquela espécie de alma
que somente a poesia pode dar-lhe

Assim devolve o corpo a poesia
que se confunde com o duro sopro
de quem está vivo e às vezes não respira

(Gastão Cruz, "Escarpas", Assírio & Alvim, 2010)

quarta-feira, outubro 05, 2016

5 DE OUTUBRO

O 5 de Outubro de 2016 possui um sabor especial porque é a primeira vez que a data é celebrada com feriado nacional, como deve ser, depois do período negro durante o qual este e outros três feriados estiveram abolidos. Esse acto vergonhoso não deverá ser jamais esquecido. Porém, o que importa hoje é recordar e homenagear os heróis que, precisamente há 106 anos, puseram fim a quase oito séculos de reis, reizinhos, dinastias e crises sucessórias e lançaram as fundações do Portugal moderno. Viva a República!

segunda-feira, setembro 26, 2016

TANIZAKI E MELOPEIA

Talvez Manuel da Silva Ramos nunca venha a fazer parte dos meus duzentos autores portugueses favoritos; problema meu e só meu, bem entendido. Mas como não cobrir de indulgências alguém que diz de uma prostituta brasileira que podia ter saído de um romance do Tanizaki, e que intitula um dos seus contos "Melopeia sintrense com direito a sonho e pausa musical entendida como copulação sonâmbula vertical"? (A propósito de "Perfumes eróticos em tempos de vacas magras", Parsifal, 2014.)

sábado, setembro 17, 2016

Atendera ao aviso de um poema e os poemas não são de confiar.

(Hélia Correia, "Adoecer", Relógio d'Água, pág. 254)

segunda-feira, setembro 05, 2016

OH LA LA LOLITA

Em pleno zapping, chego ao canal "Arte" e constato que estão a passar "Lolita", de Kubrick. Não me falta vontade de ficar a ver pelo menos uns minutos, mas eis que descubro tratar-se de uma versão dobrada. O meu dedo carrega no botão do telecomando com uma prontidão proporcional à falta de vontade de ver um actor genial como Peter Sellers debitar um monólogo em francês postiço.

Agradeço ao Destino ter-me feito nascer num país pobretanas onde não há dinheiro para dobrar filmes.

segunda-feira, agosto 29, 2016

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

No Alfa Pendular, entre o Porto e Lisboa, uma leitora francesa lia uma tradução de José Rodrigues dos Santos. O talibã literário que dormita dentro de mim quase levou a melhor sobre o meu auto-domínio e me pôs a urrar: «Largue isso! Isso é uma coisa fétida! A literatura portuguesa não é isso!».

Felizmente, a presença de uma outra leitora que lia uma tradução portuguesa de "Mrs Dalloway" compensou parcialmente esta observação pouco feliz.

Esta última leitora comia batatas fitas de pacote enquanto lia. Não é um pormenor que tenha grande importância, mas parece-me oportuno revelá-lo.

quinta-feira, julho 14, 2016

14 DE JULHO

Os revisionistas de domingo como João César das Neves e João Carlos Espada bem podem esbracejar, mas a Tomada da Bastilha e a Revolução Francesa continuam a ser os eventos que mais abalaram a história contemporânea e que mais contribuíram para transformar um mundo marcado pelo privilégio e pela arbitrariedade num mundo minimamente respirável, no qual conceitos como "cidadão", "democracia", "igualdade" e "direitos" possuem algum significado prático.

Viva o 14 de Julho!


segunda-feira, julho 04, 2016

ABBAS KIAROSTAMI (1940-2016)

Eu seria uma pessoa pior sem os filmes de Kiarostami.

"O Vento Levar-nos-á" (1999)

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

A vida de um observador de leituras em lugares públicos não é só feita de alegrias e de descobertas aprazíveis e edificantes. Há também as decepções, não poucas vezes bastante cruéis. Por exemplo: numa paragem de autocarro de Genève, uma leitora lia aquilo que parecia ser um livro de Cioran. Um exame mais atento revelou que, em vez de CIORAN, aquilo que se lia na capa era GIBRAN.

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Na linha verde do metropolitano, uma leitora lia "As Verdes Colinas de África", de Hemingway.

Em tempo de canícula, nada como a grande literatura para refrescar o espírito.

sábado, junho 25, 2016

quarta-feira, junho 15, 2016

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Um leitor lia um livro de Horacio Quiroga na linha verde do metropolitano. Pareceu-me tratar-se de "Contos da Selva", na edição da Cavalo de Ferro.

Horacio Quiroga foi um escritor uruguaio que nasceu em 1878, em Salto, e faleceu em 1937, em Buenos Aires.

quarta-feira, maio 11, 2016

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Um leitor lia "A Criação do Mundo", de Miguel Torga. Uma leitora lia "Contos do Gin-Tonic", de Mário-Henrique Leiria. Isto passou-se nas linhas verde e amarela do metropolitano. Tentar recordar se era o Torga na amarela e o Leiria na verde, ou vice-versa, é esforço demasiado para a minha memória. Viva a diversidade da literatura portuguesa!

LIVRO

O meu livro "O Leão de Belfort" já está à venda nas boas casas. É inútil procurarem nas más casas: não o encontrarão lá. Numa época em que os apelos ao consenso chovem de todos os lados, eu apelo ao consenso dos leitores em torno da excelência literária desta noveleta e do seu potencial para criar novos paradigmas.

terça-feira, maio 03, 2016

 La femme de Cézanne avait dit à Matisse, la seule fois où ils se rencontrèrent, que son mari était «un vieil imbécile qui n'entendait rien à l'art et n'avait jamais compris ce qu'il faisait».

(Anne Martin-Fugier, "La vie d'artiste au XIXe siècle", Pluriel.)

"Madame Cézanne na estufa", Paul Cézanne, 1892

segunda-feira, abril 25, 2016

25/4


Este blog tem estado razoavelmente comatoso, mas só um cataclismo me impediria de assinalar esta data. (Imagem retirada daqui.)

domingo, abril 03, 2016

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Na linha verde do metropolitano, uma leitora lia "Aprendendo a Silenciar a Mente", do líder espiritual indiano Osho. O facto de o livro estar apoiado num enorme caixote de morangos com um ar apetitoso, aparentemente acabados de comprar no Pingo Doce, acrescentava uma nova dimensão a esta louvável busca pelo silêncio da mente.

terça-feira, março 29, 2016

ALERTA DE CONTO

A edição de primavera da revista "Somos Livros", distribuída gratuitamente nas livrarias Bertrand, inclui um conto de minha autoria. O conto intitula-se "Em Coimbra" e o mínimo que se pode dizer é que cumpre com todo o denodo aquilo que promete, uma vez que se passa precisamente em Coimbra. Não há desculpas para não lerem, excepto estas: não terem tempo a perder; não terem nenhuma Bertrand ao pé de casa; qualquer outra desculpa.

quarta-feira, março 23, 2016

He venido para esperarte
Con los brazos un tanto en el aire

(Luis Cernuda)

terça-feira, março 22, 2016

SES PATTES CROTTÉES

Le ton des chairs est sale, le modelé nul. Les ombres s'indiquent par des raies de cirage plus ou moins larges. Que dire de la négresse qui apporte un bouquet dans un papier et du chat noir qui laisse l'empreinte de ses pattes crottées sur le lit?

(Théophile Gautier, 1865. A propósito do quadro de Manet.)

"Olympia", Édouard Manet, 1863

terça-feira, março 15, 2016

On est toujours étonné aujourd'hui par les distances que l'on n'hésitait pas à parcourir à pied au XIXe siècle. Puvis de Chavannes, par exemple, faisait dix kilomètres par jour pour se rendre de Neuilly-sur-Seine, où il habitait, à son atelier, Place Pigalle.

(Anne Martin-Fugier, "La vie d'artiste au XIXe siècle", Pluriel.)

terça-feira, março 01, 2016

A BULA DE MARÇO

A BULA de Março recolhe algumas das observações de leituras em lugares públicos que eu e os meus discípulos peripatéticos temos registado. Esta iniciativa é uma bofetada de luva branca na bochecha de todos aqueles que continuam a achar que a observação de leituras em lugares públicos é uma actividade sem interesse, quiçá sediciosa. Esta rubrica continuará a existir no meu blog, contra tudo e contra todos e quebrando todos os tabus.

quinta-feira, fevereiro 18, 2016

EMBRASSER LA TABLE

Ici la chronique rapporte que le conférencier se pencha vers la table, jusqu'à l'embrasser. (Note de l'Éditeur.)

(Francis Ponge, Méthodes, Folio/Gallimard, 1999, p.215)

quarta-feira, fevereiro 10, 2016

ASSIM VAI O MUNDO

"Museo del Prado (Room 12)", Thomas Struth, , 2005, 2009

segunda-feira, fevereiro 01, 2016

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Na linha verde do metropolitano, uma leitora lia "À Espera no Centeio", de Salinger.

Eis a prova viva de que uma história de rebelião adolescente na América dos anos 50 pode ter repercussões na Telheiras do século XXI.

sábado, janeiro 30, 2016

JR

Morreu Jacques Rivette (ontem). Não tenho ânimo para palavras, considerações, tentativas de obituário. Nem sequer para imagens. Aquela que ocupa o cabeçalho deste blog, retirada do filme "Céline et Julie Vont en Bateau", é uma homenagem permanente que não tem nada a ver com acidentes terrenos como a vida e a morte.

Este blog está de luto carregado.

Bem sei que a obra permanecerá, mas o que eu queria era que nem a obra nem a pessoa deixassem de existir.

domingo, janeiro 24, 2016

L'OBJET

Donc, désirer, créer quelquer chose qui ait les qualités de l'objet, rien ne me semble plus normal. On m'a reproché de tendre à l'objet ; certains m'en ont félicité, d'autres me l'ont reproché. Eh bien, il me semble que c'est au fond à quoi tendent (selon le raisonnement que je vous tiens à l'instant) tous ceux qui écrivent, quels qu'ils soient.

(Francis Ponge, Méthodes, Folio/Gallimard, 1999, p. 197)

sexta-feira, janeiro 22, 2016

NÓTULAS POLÍTICAS EM TEMPOS BASTANTE INTERESSANTES

Há sobretudo um mundo que o separa do seu principal adversário, essa invenção da retórica barroca que se chama Sampaio da Nóvoa, um professor que conseguiu chegar a reitor sem ter obtido nenhum dos seus títulos académicos em Portugal, um académico que não tem investigação de relevo publicada em revistas internacionais, mas mesmo assim um sedutor e alguém que teve artes de atribuir, como reitor da Universidade de Lisboa, doutoramentos “honoris causa” aos três ex-Presidentes da República que o apoiam. (José Manuel Fernandes)

Estes tempos bastante interessantes que atravessamos trazem à superfície aquilo que de mais descarado, rasteiro e delirante as pessoas trazem dentro de si. Tratando-se de JM Fernandes, o que de mais rasteiro ele tem vem directamente da fossa séptica, sem intermediação. Revolta-me particularmente a alusão aos títulos académicos obtidos fora de Portugal. Qual é o problema disso? Só alguém tão tacanho e ressabiado como JMF se lembraria de uma destas. António Sampaio da Nóvoa tem uma licenciatura e um doutoramento em Ciências da Educação pela Universidade de Genebra e um segundo doutoramento, em História Moderna e Contemporânea, pela Universidade de Paris IV. Isto não faz necessariamente dele um bom candidato a Presidente, mas devia livrá-lo de alusões toscas e maldosas sobre o seu currículo académico. Se JMF está a tentar pôr em causa a qualidade destas universidades, então força. Ficarei a assistir da bancada a esse interessante exercício.

quarta-feira, janeiro 20, 2016

NON-SIGNIFICATION

Ainsi (...), la non-signification du monde peut bien désespérer ceux qui, croyant (paradoxalement) encore aux idées, s'obligent à en déduire une philosophie ou une morale. Elle ne saurait désespérer les poètes, car eux ne travaillent pas à partir d'idées, mais disons grossièrements de mots. Dès lors, nulles conséquences. Sinon quelque réconciliation profonde : création et récréation. C'est que pour eux enfin, qu'il signifie ou non quelque chose, le monde fonctionne. Et voilà bien après tout ce qu'on leur demande (aux œuvres comme au monde) : la vie.

(Francis Ponge, Méthodes, Folio/Gallimard, 1999, p.161)

quinta-feira, janeiro 14, 2016

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Linha verde do metropolitano. Um leitor lia "Palácio de Cristal", de Peter Sloterdijk.

As teorias filosóficas da globalização chegam a Telheiras.

terça-feira, janeiro 12, 2016

DAVID BOWIE

A quantidade e intensidade dos tributos que invadiram a imprensa e as redes sociais dizem muito sobre o extraordinário impacto que este homem teve na música e em tantas vidas. Mas aquilo que verdadeiramente importa é a música. Não tenho nada de original para escrever sobre David Bowie, mas tenho esta e muitas outras canções que são também mapas sentimentais da minha vida.

segunda-feira, janeiro 11, 2016

NÓTULAS POLÍTICAS EM TEMPOS BASTANTE INTERESSANTES

Ouvir alguém sugerir que este pode ser o ponto final da carreira política de Paulo Portas transmite-me a reconfortante certeza de saber que existem pessoas ainda mais ingénuas do que eu.

segunda-feira, janeiro 04, 2016

MICHEL DELPECH (1946-2016)

Dos cinco "Michel" da canção francesa nascidos nos anos 40 (os outros são Jonasz, Fugain, Polnareff e Sardou), foi o primeiro a desaparecer. Michel Delpech deixou numerosos temas que provam que a canção popular não é incompatível com o bom gosto. O timbre claro e quente da sua voz favorecia a empatia do ouvinte. Detesto caça, mas esta canção é sem dúvida a minha preferida dele.

sexta-feira, janeiro 01, 2016

SEJAM FELIZES EM 2016

O autor e representante legal deste blog deseja a todos os sócios e simpatizantes um ano novo de 2016 ridiculamente feliz. Nós cá continuaremos na nossa missão de revelar verdades incómodas, mexer com os interesses instalados, acertar com pedras no charco e romper tabus com estonteante alacridade. Isto, claro, se não surgirem coisas mais importantes e divertidas para fazermos.

terça-feira, dezembro 29, 2015

La Cousine Bette serait a cet égard une œuvre spéculaire et cathartique, composée pour lutter contre l'absence de Mme Hanska qu'il désire ardemment épouser, contre la peur de la mort et les hantises sexuelles, contre la crainte terrible de ne pouvoir terminer l'œuvre engagée, contre la solitude enfin, qu'il ressent plus que jamais dans une société qu'il méprise et qui lui inspire le dégoût.

(Sylvain Ledda, apresentação de "La Cousine Bette", edição GF Flammarion, 2015.)

quarta-feira, dezembro 23, 2015

DESEJO A TODOS VÓS UM NATAL... (COMO É MESMO AQUELA PALAVRA?) FELIZ

Ainda que o Natal não passe de um curto parêntesis na vidinha quotidiana, que tanto exige de nós e tão amiúde nos põe os cabelos em pé, que esse parêntesis seja cheio de pessoas queridas, música, paz e umas quantas gargalhadas. São os meus votos, dirigidos a algum eventual lunático que ainda visite este blog de vez em quando.

quinta-feira, novembro 26, 2015

SETSUKO HARA (1920-2015)

Uma daquelas actrizes que fazem do cinema uma arte maior que a vida e (obviamente) muito maior que a morte.


NÓTULAS POLÍTICAS EM TEMPOS BASTANTE INTERESSANTES

Daqui a alguns anos, os manuais de História hão-de rezar assim:
  • Em 2015, houve eleições legislativas.
  • Dessas eleições, saiu um parlamento cuja composição formou a base de apoio ao XXI Governo Constitucional.
 Tudo claro como água e conforme àquilo que prescreve a Constituição.

Os queixumes e alertas estridentes que se fizeram ouvir de forma tão aflitiva, nestas últimas semanas, serão remetidos para os rodapés dos manuais, se é que merecerão alguma referência.

Os estudiosos mais dedicados e pacientes talvez encontrem neles matéria para ensaios e teses com uma forte inclinação sociológica.

domingo, novembro 22, 2015

ASSIM ESTÁ O MUNDO

sem título, Guido Molinari, 1953

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Na linha verde do metropolitano, uma leitora lia o romance "O Último Cais", de Helena Marques, e fazia-o de pé.

A vida de um observador de leituras em lugares públicos é uma sucessão de surpresas e é a própria negação da previsibilidade.

quarta-feira, novembro 11, 2015

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

No cais da estação de caminho-de-ferro de Entrecampos, um leitor lia "O Livro Aberto", de Frederico Lourenço.

Que fazer quando tudo arde? Resposta: ler.

segunda-feira, novembro 09, 2015

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Na bicha para o restaurante h3 do centro comercial Monumental, um leitor lia "A Sétima Onda", de José Rentes de Carvalho.

Sim, o alimento para o espírito e o alimento para o estômago podem coexistir!

sexta-feira, novembro 06, 2015

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Na linha verde do metropolitano, uma leitora lia "O Nascimento da Arte", de Georges Bataille.

Um dia que começa tão bem tem necessariamente de correr maravilhosamente, certo? Errado. Foi um dia mais ou menos igual aos outros.

quarta-feira, novembro 04, 2015

NÓTULAS POLÍTICAS EM TEMPOS BASTANTE INTERESSANTES

Os tempos que correm são pródigos em: esbracejamentos, aqui-d'el reis, advertências plenas de gravidade, apelos à responsabilidade, evocações ominosas do PREC, referências severas ao valor da tradição e palavras ao vento ("radical", "usurpar", "golpada", "assalto ao poder"). Nos intervalos destas tiradas inflamadas, o bom senso ergue a cabecita e espreita para saber se já chegou a sua vez.

São tempos divertidos, convenha-se.

domingo, outubro 25, 2015

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

No comboio Lisboa-Porto, um leitor lia "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley.

No comboio Porto-Lisboa, uma leitora lia "A Estrada", de Cormac McCarthy.

A história da rede ferroviária e a história das leituras em lugares públicos sempre tiveram múltiplos pontos de contacto.

sexta-feira, outubro 23, 2015

NÓTULAS POLÍTICAS EM TEMPOS BASTANTE INTERESSANTES

Durante estes últimos dias, em que assistimos a sucessivas rondas de negociações, mais ou menos sinceras, entre os partidos, com vista à formação do governo, não consegui sacudir esta sensação: pareceu-me que todos estes esforços, afã e declarações visavam mais o médio prazo do que o imediato, e que a grande preocupação de todos era a de estarem em condições de reclamar o estatuto de vítima e de transmitirem a impressão de que foram eles os únicos a procurar soluções com sinceridade. O horizonte temporal é o das próximas eleições, que poucos acreditam não irem ocorrer em breve.

AMANHÃ

Amanhã, sábado, na Fnac de Santa Catarina (Porto), a partir das 17 horas, o Jorge Palinhos e eu próprio iremos conversar sobre o meu livro de contos "Quartos Alugados".

Há que aproveitar estas simpáticas ocasiões sociais e literárias, enquanto não chega o caos político, social e financeiro que se prepara para submergir Portugal, qual tsunami.

terça-feira, outubro 20, 2015

NÓTULAS POLÍTICAS EM TEMPOS BASTANTE INTERESSANTES

Uma epidemia de clarividência radical grassa pelo país e poucos são os actores polítcos e fazedores de opinião que lhe são imunes. De repente, todos sabem com absoluta certeza quais as intenções de cada eleitor quando ele ou ela depositou o seu voto, no passado dia 4. O impudor com que tiram as suas ilacções enviesadas a partir dessa certeza é um sintoma muito comum desta epidemia.

terça-feira, outubro 13, 2015

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Na plateia do São Jorge, em plena Festa do Cinema Francês, um leitor lia "O Cónego", de A.M. Pires Cabral.

O prazer da leitura antes do cinema é um dos prazeres mais subestimados. Pena é que nem sempre a iluminação da sala colabore.

sábado, outubro 10, 2015

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Na linha verde do metropolitano, uma leitora lia "Auto-de-Fé", de Elias Canetti.

Os leitores e as leituras da linha verde não cessam de nos surpreender, e a nossa fasquia nem é das mais modestas.

quarta-feira, outubro 07, 2015

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Num voo Londres-Lisboa, um leitor lia as "Vinte Mil Léguas Submarinas", de Verne. (Se viajasse de barco, será que leria as "Cinco Semanas em Balão"?)

Numa fila para a caixa de pagamento do Lidl, um outro leitor lia a biografia de Álvaro Cunhal.

Tempos estranhos, leituras originais, locais públicos invulgares!

terça-feira, outubro 06, 2015

CHANTAL AKERMAN (1950-2015)

Poucos realizadores conseguiram equilibrar com sucesso a proximidade com o grande público e a ousadia formal. Até ao fim, Chantal Akerman foi uma criadora fascinante e inesperada. Estou desolado com a notícia do seu desaparecimento.

Stanislas Merhar e Sylvie Testud em "La Captive" (2000)

segunda-feira, outubro 05, 2015

VIVA SÃO PLÁCIDO, QUERO DIZER, VIVA A REPÚBLICA!!!

O meu calendário de secretária diz que hoje é dia de São Plácido e omite qualquer referência à República. O 5 de Outubro deixou de ser feriado graças ao capricho de um governo sem espinha dorsal, e sem outra justificação do que o ridículo "temos demasiados feriados". Nos dois últimos anos, o facto de esta data calhar a um fim-de-semana ajudou a mitigar a impressão de ignomínia. Hoje, tudo se conjugou: a primeira vez que eu (e muitos outros milhares de compatriotas) trabalhei num 5 de Outubro; o dia seguinte às eleições em que os responsáveis pelo acto se saíram muito melhor do que ousavam esperar há alguns meses; a ausência das comemorações por parte de um presidente da República que parece incapaz de concluir o seu mandato com um mínimo de verticalidade e de respeito pela história do país. E o tempo: chuva intensa e vento, como se os elementos fossem os únicos capazes ainda de se revoltarem.

Viva o vento.

Viva a chuva.

VIVA A REPÚBLICA!

(Muito me espantará que este dia não seja feriado em 2016. Sem desprimor para São Plácido, discípulo de São Bento e patrono da cidade de Messina.)


terça-feira, setembro 29, 2015

domingo, setembro 27, 2015

NARRATIVAS

As eleições legislativas do próximo dia 4 serão, ou melhor estão a ser, uma batalha de narrativas. Levará a melhor quem contar a narrativa mais escorreita, mais amiga do senso comum e mais fácil de assimilar. Dir-me-ão que sempre foi assim; de acordo, mas parece-me que, desta vez, esta evidência salta aos olhos de forma mais nítida do que nunca.

quinta-feira, setembro 17, 2015

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

Na linha verde do metropolitano, uma leitora lia "The Scarlet Letter", de Hawthorne, em versão original.

"The Scarlet Letter" é um romance cuja personagem principal, Hester Prynne, é acusada de adultério e obrigada a usar um "A" escarlate na roupa. A acção passa-se em Boston, em meados do século XVII. Ou, nas palavras de alguns cronistas da extrema-direita religiosa: "os bons velhos tempos".

RESPOSTAS

As minhas respostas a um inquérito do "Correio do Porto".

terça-feira, setembro 15, 2015

Como se o mundo precisasse de mais um livro de contos!!! Tss tss.

(Lançamento na Feira do Livro do Porto. No próximo sábado. Às 7 da tarde.)


domingo, setembro 13, 2015

"Are you listening?" (...)
"Of course."
"What did I just say."
"That I have to trust my instincts more."
"I said I wanted you to come to dinner."
"Oh."

(Saul Bellow, "Herzog")

terça-feira, setembro 08, 2015

A ÉTICA É UMA CENA QUE NÃO ASSISTE AO MERCADO LIVRE

Ainda estou para perceber onde é que o DN vai desencantar alguns dos seus cronistas. Dir-se-ia uma experiência destinada a testar a incredulidade dos leitores. Miguel Angel Belloso é mais um cromo para esta bem catita colecção. Nesta crónica, debruça-se sobre aquele que parece ser o seu único tema: a excelência libertadora do mercado livre e os malefícios do socialismo. (José António Saraiva, no "Sol", bate-o na diversidade temática: tanto discorre sobre tesouras como sobre cera e como reconhecer um homossexual no elevador.) O trecho mais inacreditável é este:

«O sistema de livre mercado é amoral. Na minha opinião, é o modelo de organização económica e social mais conforme com a natureza humana, cujo instinto de sobrevivência e de progresso é genuíno e é também o modelo mais eficiente do ponto de vista dos resultados que obtém em prol do bem comum. Não pode nem deve ser julgado do ponto de vista da ética.»

Portanto, Belloso revoluciona a Filosofia ao identificar uma entidade que não pode nem deve ser escrutinada pela ética. É d'homem. Aguarda-se ansiosamente a revelação de outros domínios nos quais os juízos de valor não são admissíveis. Belloso tem o dever de esclarecer as massas.

(«Acho eu» acrescenta Belloso, numa concessão generosa à possível, mas pouco concebível, existência de opiniões diferentes das suas.)

segunda-feira, setembro 07, 2015

«En el problema del peronismo, por ejemplo, Borges es enemigo del peronismo, pero por motivos distintos a los míos. Borges y su madre (que era una mujer de gran talento) eran enemigos del peronismo porque les parecía una forma del comunismo. Yo era enemigo del peronismo porque nunca me gustaron los gobiernos absolutistas y tiránicos. En cambio aplaudí la justicia social... y Borges no aplaude esa clase de cosas.»
 (Ernesto Sábato, entrevista a Joaquín Soler Serrano, in "Escritores a Fondo", Planeta, 1986)

sexta-feira, setembro 04, 2015

Besides, one lover is always more moved than the other.

(Saul Bellow, "Herzog")

quinta-feira, setembro 03, 2015

A NORA INEXISTENTE

Na entrevista dada a Joaquín Soler Serrano (in "Escritores a Fondo", Planeta, 1986), o escritor argentino Manuel Mujica Láinez recorda uma sessão de fotografia que teria protagonizado ao lado da mulher do filho de Hitchcock ("una mujer espléndida"), em Nova York, aquando da estreia da ópera baseada no seu romance "Bomarzo". O único e nada pequeno problema que a história levanta é este: Hitchcock não teve filhos, apenas uma filha.

Acto contínuo, pus-me a duvidar da veracidade dos restantes factos relatados na entrevista.

segunda-feira, agosto 31, 2015

A FIDELIDADE DOS OBJECTOS

«-Ah, sí; yo creo en los objetos

- ¿Más que en los seres humanos?

- Inclusive más que en los seres humanos. Creo que son más fieles. Los seres humanos pueden traicionarte, pero a los objetos los traicionamos nosotros.»

 (Manuel Mujica Láinez, entrevista a Joaquín Soler Serrano, in "Escritores a Fondo", Planeta, 1986)


quarta-feira, agosto 12, 2015

PORTANTO ERA ISTO

"Touro e criança", Pierre Bonnard, 1945

LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS

No Alfa Pendular, entre Lisboa e Porto:
  • um leitor lia "Mil Novecentos e Oitenta e Quatro", de George Orwell;
  • um leitor tinha à sua frente, pousado na mesa, o best-seller de Thomas Piketty "O Capital no Século XXI" (não consegui identificar a língua da edição);
  • uma imensa maioria de passageiros olhava para o ar, para as unhas ou para a paisagem a 200 km/h, sem livros entre mãos ou na vizinhança próxima.

segunda-feira, agosto 03, 2015

DESTINOS IRRECUPERÁVEIS

É que eu pertenço à classe de pessoas que não põem as letras entre os ofícios nobres, mas que as colocam a par dos destinos irrecuperáveis (...).

(Agustina Bessa-Luís, "Embaixada a Calígula".)