Na linha verde do metropolitano, uma leitora lia "O Amante do Vulcão", de Susan Sontag.
Na linha amarela, uma leitora diferente lia uma biografia de Marcel Proust.
O que faz falta é espreitar as leituras da malta nos lugares públicos e depois contar tudo no blog.
terça-feira, maio 13, 2014
terça-feira, maio 06, 2014
PORTANTO É ASSIM
Portanto, estamos assim: um presidente da República que recorre ao Facebook para ajustar contas e para troçar daqueles que, do seu ponto de vista, não partilham da sua suprema clarividência devidamente vertida em letra de imprensa nos seus famigerados prefácios.
Às vezes, penso que o próximo Presidente terá pela frente uma tarefa hercúlea de recuperação da credibilidade desta instituição e do cargo de magistrado supremo da nação.
Outras vezes, concluo que a tarefa do próximo Presidente será invulgarmente simples. Quem vier na esteira de Cavaco Silva surgirá inevitavelmente, por comparação, como um grande estadista pleno de sentido de responsabilidade e de sensatez, faça aquilo que fizer.
Às vezes, penso que o próximo Presidente terá pela frente uma tarefa hercúlea de recuperação da credibilidade desta instituição e do cargo de magistrado supremo da nação.
Outras vezes, concluo que a tarefa do próximo Presidente será invulgarmente simples. Quem vier na esteira de Cavaco Silva surgirá inevitavelmente, por comparação, como um grande estadista pleno de sentido de responsabilidade e de sensatez, faça aquilo que fizer.
sábado, abril 26, 2014
LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS
Na linha verde do metropolitano, um leitor lia a antologia "Um Homem Célebre", de Machado de Assis.
No cais da estação Campo Grande, e subsequentemente na mesma linha verde (sentido Telheiras), uma leitora lia "Manhã Submersa", de Vergílio Ferreira.
Da minha língua vê-se a 2ª Circular, o Hospital de Santa Maria e o Estádio Alvalade XXI.
No cais da estação Campo Grande, e subsequentemente na mesma linha verde (sentido Telheiras), uma leitora lia "Manhã Submersa", de Vergílio Ferreira.
Da minha língua vê-se a 2ª Circular, o Hospital de Santa Maria e o Estádio Alvalade XXI.
sexta-feira, abril 25, 2014
quinta-feira, abril 17, 2014
segunda-feira, março 31, 2014
LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS
Na linha vermelha do metropolitano, em dias diferentes, um leitor lia "Os Irmãos Karamazovs", de Dostoyevsky, e uma leitora lia "O Monte dos Vendavais", de Emily Brontë. E faziam bem. Sem os clássicos não se chega a lado algum. Ou, se se chegar, chega-se de forma trôpega, enviezada e laboriosa.
domingo, março 23, 2014
LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS
A vida de um observador de leituras em lugares públicos tem dias vazios, dias menos bons, dias satisfatórios e, muito esparsamente, dias mágicos que compensam toda a apagada e vil tristeza dos demais. O dia de hoje foi um desses dias.
Na linha vermelha do metropolitano, um leitor lia um livro do poeta suíço Philippe Jaccottet, da colecção de poesia da Gallimard. Pareceu-me ser este:
O leitor, ao fim de alguns versos, alheou-se da leitura e bocejou. Mau sinal? Prefiro acreditar que se tratou de uma simples pausa, tempo concedido a um poema para revelar todo o seu poder.
Na linha vermelha do metropolitano, um leitor lia um livro do poeta suíço Philippe Jaccottet, da colecção de poesia da Gallimard. Pareceu-me ser este:
sábado, março 22, 2014
LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS
Na linha verde do metropolitano, a hora bem matutina, uma leitora lia "A Náusea", de Jean-Paul Sartre.
O existencialismo é deveras um humanismo, e em nenhum outro lugar essa verdade brilha com tanto esplendor como numa carruagem do Metropolitano de Lisboa povoada de passageiros a caminho dos seus destinos.
O existencialismo é deveras um humanismo, e em nenhum outro lugar essa verdade brilha com tanto esplendor como numa carruagem do Metropolitano de Lisboa povoada de passageiros a caminho dos seus destinos.
terça-feira, março 11, 2014
LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS
Na mesma carruagem, na linha verde do metropolitano, a um punhado de metros um do outro, um leitor lia Pepetela ("Jaime Bunda") e uma leitora lia "A Origem da Tragédia", de Nietzsche.
Ó, linha verde do metropolitano, que albergas no teu confortável bojo leitores e leituras tão diversas, dia após dia!
Ó, linha verde do metropolitano, que albergas no teu confortável bojo leitores e leituras tão diversas, dia após dia!
quinta-feira, março 06, 2014
domingo, março 02, 2014
ALAIN RESNAIS (1922-2014)
Desde que me familiarizei com a sua obra, nunca duvidei de que Alain Resnais era um dos maiores, mais criativos e mais inteligentes cineastas do século XX. A sua longevidade e a sua actividade contínua na recta final da cadeira fizeram dele também um dos realizadores mais surpreendentes do início do século XXI. Da sua obra tão longa e densa, destaco os meus favoritos: "Hiroshima Mon Amour" (tão poderoso hoje como há cinquenta anos), "L'Année Dernière à Marienbad", "Providence", "Mélo", "Smoking/No Smoking" e "Les Herbes Folles".
Palpita-me que Resnais nunca terá perdido um minuto da sua vida a ruminar algumas das críticas absurdas e recorrentes que lhe foram sendo dirigidas: a crítica de que a sua obra valia o que valiam os argumentistas e escritores com quem colaborou (foram muitos e excelentes, mas Resnais esteve longe de ser um ilustrador, nunca os seus filmes deixaram de acrescentar algo aos textos, de os reinventar, de sobre eles construir algo de novo); a crítica de que os seus filmes dependiam em demasia dos talentos dos actores (mas como negar que Sabine Azéma, Pierre Arditi, André Dussollier, Delphine Seyrig e tutti quanti tiveram com ele alguns dos seus melhores papéis, e que isso se deveu em grande medida à sagacidade e sensibilidade do realizador?).
Fica - como lhe compete - a obra. Filmes imensos, mas sobretudo filmes que nunca hesitam em desafiar a inteligência do espectador.
Obrigado por tudo, obrigado por tanta coisa duradoura.
NOTA: Recomendo a leitura deste notável obituário de Jacques Mandelbaum.
Palpita-me que Resnais nunca terá perdido um minuto da sua vida a ruminar algumas das críticas absurdas e recorrentes que lhe foram sendo dirigidas: a crítica de que a sua obra valia o que valiam os argumentistas e escritores com quem colaborou (foram muitos e excelentes, mas Resnais esteve longe de ser um ilustrador, nunca os seus filmes deixaram de acrescentar algo aos textos, de os reinventar, de sobre eles construir algo de novo); a crítica de que os seus filmes dependiam em demasia dos talentos dos actores (mas como negar que Sabine Azéma, Pierre Arditi, André Dussollier, Delphine Seyrig e tutti quanti tiveram com ele alguns dos seus melhores papéis, e que isso se deveu em grande medida à sagacidade e sensibilidade do realizador?).
Fica - como lhe compete - a obra. Filmes imensos, mas sobretudo filmes que nunca hesitam em desafiar a inteligência do espectador.
Obrigado por tudo, obrigado por tanta coisa duradoura.
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André Dussollier, Sabine Azéma e Pierre Arditi em "Mélo" (1986) |
NOTA: Recomendo a leitura deste notável obituário de Jacques Mandelbaum.
LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS
Linha verde do metropolitano. Uma leitora lia "As Velas Ardem Até ao Fim", do consagrado romancista húngaro Sándor Márai.
E hoje mais não digo, porque é dia de luto (ver post seguinte).
E hoje mais não digo, porque é dia de luto (ver post seguinte).
sábado, março 01, 2014
LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS
Na estação de metropolitano de Telheiras, um leitor lia "O Fio do Horizonte", de Antonio Tabucchi, enquanto caminhava na direcção dos canais de saída.
As actividades de leitura e ambulatória são de duvidosa compatibilidade mútua, embora isso dependa fortemente de numerosos factores e condicionalismos. Uma monografia de minha autoria sobre este tema espera apenas, para vir a lume, a altura certa.
As actividades de leitura e ambulatória são de duvidosa compatibilidade mútua, embora isso dependa fortemente de numerosos factores e condicionalismos. Uma monografia de minha autoria sobre este tema espera apenas, para vir a lume, a altura certa.
quinta-feira, fevereiro 27, 2014
LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS
Um leitor lia contos de Eça de Queiroz, de pé, no cais da estação de metropolitano do Campo Grande (linha amarela, sentido Rato).
Ignoro se lia por prazer, por obrigação escolar ou por outro motivo. Pouco importa. Todos os pretextos e razões são bons para ler Eça de Queiroz, sem qualquer excepção.
Ignoro se lia por prazer, por obrigação escolar ou por outro motivo. Pouco importa. Todos os pretextos e razões são bons para ler Eça de Queiroz, sem qualquer excepção.
domingo, fevereiro 23, 2014
PÉROLAS DA PARIS REVIEW
INTERVIEWER: How about the Beats? Someone like Jack Kerouac, for instance, who died a few years ago?
P.G. WODEHOUSE: Jack Kerouac died! Did he?
INTERVIEWER: Yes.
P.G. WODEHOUSE: Oh... Gosh, they do die off, don't they?
(...)
P.G. WODEHOUSE: No. He [Somerset Maugham] was all right to me. We got along on just sort of "how do you do" terms. I remember walking back from a cricket match at Lords in London, and Maugham came along on the other side. He looked at me and I looked at him, and we were thinking the same thing - Oh my God, shall we have to stop and talk? Fortunately, we didn't.
(The Paris Review Interviews, Vol. 4)
P.G. WODEHOUSE: Jack Kerouac died! Did he?
INTERVIEWER: Yes.
P.G. WODEHOUSE: Oh... Gosh, they do die off, don't they?
(...)
P.G. WODEHOUSE: No. He [Somerset Maugham] was all right to me. We got along on just sort of "how do you do" terms. I remember walking back from a cricket match at Lords in London, and Maugham came along on the other side. He looked at me and I looked at him, and we were thinking the same thing - Oh my God, shall we have to stop and talk? Fortunately, we didn't.
(The Paris Review Interviews, Vol. 4)
sábado, fevereiro 22, 2014
A FLORA DA ÁFRICA DO SUL, INIMIGA DO ERÁRIO PÚBLICO
Vivemos tempos muito interessantes, tempos em que, do cidadão comum aos mais altos magistrados, se hesita cada vez menos em proclamar alto e bom som aquilo que vai na alma. As fasquias do pudor, da decência e da razoabilidade andam numa roda-viva.
A senhora deputada do PSD Maria José Castelo Branco acha que o estudo das espécies vegetais na África do Sul não é um tema "premente", deixando subentendido que financiar um pobre bolseiro que se dedique a essa actividade de lunáticos é contrário ao Bem da Nação.
Há uns anos, a candidata à vice-presidência dos EUA Sarah Palin apresentou o financiamento estatal para investigação sobre "fruit fly" como o zénite do desperdício de dinheiros públicos. (Ao que parece, referia-se à "mosca-da-azeitona", e não à arqui-conhecida Drosophila, mas isto não torna menos indesculpável a sua falta de cultura científica e populismo.)
Maria José Castelo Branco terá ainda muito que penar até alcançar este nível de ignorância, mas revela-se claramente uma adversária capaz de dar luta.
Felizmente, recebeu resposta à altura (vale a pena ver o vídeo até ao fim).
Ler também: "o PSEM"
A senhora deputada do PSD Maria José Castelo Branco acha que o estudo das espécies vegetais na África do Sul não é um tema "premente", deixando subentendido que financiar um pobre bolseiro que se dedique a essa actividade de lunáticos é contrário ao Bem da Nação.
Há uns anos, a candidata à vice-presidência dos EUA Sarah Palin apresentou o financiamento estatal para investigação sobre "fruit fly" como o zénite do desperdício de dinheiros públicos. (Ao que parece, referia-se à "mosca-da-azeitona", e não à arqui-conhecida Drosophila, mas isto não torna menos indesculpável a sua falta de cultura científica e populismo.)
Maria José Castelo Branco terá ainda muito que penar até alcançar este nível de ignorância, mas revela-se claramente uma adversária capaz de dar luta.
Felizmente, recebeu resposta à altura (vale a pena ver o vídeo até ao fim).
Ler também: "o PSEM"
segunda-feira, fevereiro 17, 2014
VISTO NA ILUSTRARTE, MUSEU DA ELECTRICIDADE, LISBOA
Muito bom:
Retirado do blog da ilustradora Claire Le Gal.
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Et c'est le cœur serré qu'il avait dit au revoir à sa sœur. |
Retirado do blog da ilustradora Claire Le Gal.
domingo, fevereiro 16, 2014
LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS
Na linha vermelha do metropolitano, uma leitora lia contos de Machado de Assis.
Neste mundo conturbado, ler Machado de Assis é ainda uma das acções mais sensatas a que nos podemos entregar.
Neste mundo conturbado, ler Machado de Assis é ainda uma das acções mais sensatas a que nos podemos entregar.
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