TÍTULO PARA UM QUADRO (QUE POR SINAL IMITARIA A VIDA, SE EXISTISSE, COMO É PRÓPRIO DOS QUADROS):
Leitor de Chekhov sobre fundo de leitores de George R. R. Martin.
terça-feira, março 13, 2012
quarta-feira, março 07, 2012
CHEGA DE REBALDARIAS ou THE SECOND FROM THE TOP BUTTON: A União Europeia de Xadrez decidiu que está na hora de pôr cobro às poucas-vergonhas e instituiu um código vestimentário. A leitura deste é razoavelmente desopilante; o inglês esfarrapado ajuda à festa.
Os excertos seguintes não dispensam, naturalmente, a leitura na íntegra:
Os excertos seguintes não dispensam, naturalmente, a leitura na íntegra:
- for men dress trousers or jeans, a long-sleeve or shirt-sleeve dress shirt, alternatively T-shirt or polo, loafers or dressy slip-ons, socks, shoes or sneakers (no beach-wear slips, etc.) and, if appropriate, a sport coat or blazer. The trousers, the jeans as well as the shirts and polo’s worn should be crisp and show no excessive wear, no holes and shall be free of body odor
- for women blouses, turtleneck, T-shirts or polo’s, trousers, jeans or slacks, skirts, dresses, and appropriate footwear (boots, flats, mid-heel or high-heel shoes, sneakers with sock) or any other appropriate clothing modification.
- in respect to shirts, the second from the top button may also be opened in addition to the very top button.
- sunglasses, glasses, neck ties can be worn during the games, no caps or hats, except for religious reasons.
quinta-feira, março 01, 2012
OS INESPERADOS ATALHOS DA BLOGOSFERA: Nos últimos dias, as seguintes buscas trouxeram leitores a este blog:
(*) Será que se queria referir ao quadro "Les Anges au Tombeau du Christ"?
- "pietà de manet" (bravo, bravíssimo) (*)
- "criança alérgica ao clavamox" (não sou especialista)
- "fechaduras de alta segurança eléctricas em 2 pontos, sem cilindro, com chave telescópica" (há gente que sabe muito bem aquilo que quer)
- "sofia escrito em chinês + tatuagem" (cantonês ou mandarim?)
- "transporte para a escola delfim santos no alto dos moinhos" (lamento não ter podido ajudar)
(*) Será que se queria referir ao quadro "Les Anges au Tombeau du Christ"?
DES-DESANIVERSÁRIO:
Este blog cumpre hoje precisamente 9 anos de existência.
Para que se fique com uma ideia do que representa este já graúdo lapso de tempo, recorde-se que, nesse longínquo dia zero:
Este ano não há festividades, por causa da crise em que estamos mergulhados. Para o ano, em plena retoma, será organizada uma churrascada de arromba.
Este blog cumpre hoje precisamente 9 anos de existência.
Para que se fique com uma ideia do que representa este já graúdo lapso de tempo, recorde-se que, nesse longínquo dia zero:
- Jorge Sampaio era presidente de Portugal
- José Barroso (na altura mais conhecido pelo pseudónimo "Durão Barroso") era primeiro-ministro
- o treinador do Sporting chamava-se László Bölöni
- o presidente dos EUA era George W. Bush
- a versão de 64 bits do Windows XP acabara de ser lançada
- o Facebook ainda não existia
- o país ansiava (sem o saber) pela 1ª temporada dos "Morangos com Açúcar", que estrearia nesse ano de 2003, com Benedita Pereira e João Catarré como protagonistas.
Este ano não há festividades, por causa da crise em que estamos mergulhados. Para o ano, em plena retoma, será organizada uma churrascada de arromba.
quarta-feira, fevereiro 29, 2012
SOMBRA NA PONTE DAS ARTES:
Por qualquer razão, achei que isto era apropriado para um dia 29 de Fevereiro.
The shadow of cinematographer Charles L. Bitsch and his camera, briefly visible during a dolly shot in Jacques Rivette's Paris Belongs to Us (1961). Hardly a "material object," you'd say, but Rivette's plots are often about the blurred line between the non-existent and the totally tangible, and, like one of his barely-there conspiracies (such as, well, the one in Paris Belongs to Us), the shadow cast by Bitsch beckons to be interpreted in paranoid, metaphorical terms. (...)
Por qualquer razão, achei que isto era apropriado para um dia 29 de Fevereiro.
The shadow of cinematographer Charles L. Bitsch and his camera, briefly visible during a dolly shot in Jacques Rivette's Paris Belongs to Us (1961). Hardly a "material object," you'd say, but Rivette's plots are often about the blurred line between the non-existent and the totally tangible, and, like one of his barely-there conspiracies (such as, well, the one in Paris Belongs to Us), the shadow cast by Bitsch beckons to be interpreted in paranoid, metaphorical terms. (...)
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Betty Schneider e Giani Esposito em "Paris Nous Appartient", de Jacques Rivette. |
segunda-feira, fevereiro 27, 2012
FRACTURAS: Detesto a expressão "tema fracturante". No seu uso corrente, o termo abrange assuntos com o suposto potencial de dividir a sociedade, causar alvoroço, subverter a moral, voltar pai contra filho e irmão contra irmão. Quase sempre, esses temas alegadamente fracturantes relevam da esfera dos costumes. Como se a macroeconomia, a divisão administrativa, o trabalho, não albergassem igualmente o poder de dividir, minar alicerces, fracturar.
A adopção por casais do mesmo sexo foi chumbada na Assembleia. Foi uma decisão errada sob todos os pontos de vista: social, jurídico, científico. Não faltaram as vozes que clamam por mais debate (obviamente "alargado" e "aprofundado") ou que alegam dúvidas ou estados de alma, ao sabor da consciência libertada das peias da disciplina partidária. (Já para não falar da invocação ao Criador por parte do deputado Telmo Correia - argumento tão poderoso e ribombante que decerto entrará na história da retórica portuguesa.)
Como eu gostaria de ver um nível de escrúpulo, dúvida metódica e cepticismo comparáveis, quando se trata de votar projectos sobre temas menos escabrosos mas não menos fracturantes e decisivos. Por exemplo: sobre as leis laborais, sobre o enriquecimento ilícito, sobre os horários do comércio, sobre o arrendamento urbano...
(PS Como sempre, vale a pena ler o que escreve a Isabel Moreira.)
A adopção por casais do mesmo sexo foi chumbada na Assembleia. Foi uma decisão errada sob todos os pontos de vista: social, jurídico, científico. Não faltaram as vozes que clamam por mais debate (obviamente "alargado" e "aprofundado") ou que alegam dúvidas ou estados de alma, ao sabor da consciência libertada das peias da disciplina partidária. (Já para não falar da invocação ao Criador por parte do deputado Telmo Correia - argumento tão poderoso e ribombante que decerto entrará na história da retórica portuguesa.)
Como eu gostaria de ver um nível de escrúpulo, dúvida metódica e cepticismo comparáveis, quando se trata de votar projectos sobre temas menos escabrosos mas não menos fracturantes e decisivos. Por exemplo: sobre as leis laborais, sobre o enriquecimento ilícito, sobre os horários do comércio, sobre o arrendamento urbano...
(PS Como sempre, vale a pena ler o que escreve a Isabel Moreira.)
quinta-feira, fevereiro 23, 2012
domingo, fevereiro 19, 2012
REDUCTIO AD MONTEIRUM: A lei de Godwin afirma que a probabilidade de alguém, numa discussão online, mencionar Hitler ou o nazismo se aproxima de 100% à medida que a discussão se prolonga.
A mesma lei se aplica a discussões sobre o cinema português e à menção ao filme "Branca de Neve". Normalmente, essa menção ocorre ao fim de poucas dezenas de comentários. (Ver aqui um exemplo recente.)
A mesma lei se aplica a discussões sobre o cinema português e à menção ao filme "Branca de Neve". Normalmente, essa menção ocorre ao fim de poucas dezenas de comentários. (Ver aqui um exemplo recente.)
IRRELEVANTES?: O filme "Tabu" ganhou o prémio FIPRESCI e o prémio Alfred Bauer, no recente festival de cinema de Berlim. O filme "Rafa" recebeu o Urso de Ouro das curtas-metragens. Serão estes feitos suficientes para livrar os respectivos autores, Miguel Gomes e João Salaviza, do doloroso estigma da irrelevância? Aguarda-se ansiosamente a resposta do oráculo Alberto Gonçalves.
terça-feira, fevereiro 14, 2012
C'EST VRAI. TOUT LE MONDE PLEURERA:
Sabe tão bem quando as expectativas relativas a um fillme, longamente alimentadas a ditirambos alheios, acarinhadas e encorajadas, são cumpridas em pleno aquando do primeiro visionamento.
Qualquer que seja o desenrolar do ano cinéfilo, este será um dos pontos altos.
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O grande Pierre Renoir e a sublime Winna Winifried em "La Nuit du Carrefour", de Jean Renoir. |
Sabe tão bem quando as expectativas relativas a um fillme, longamente alimentadas a ditirambos alheios, acarinhadas e encorajadas, são cumpridas em pleno aquando do primeiro visionamento.
Qualquer que seja o desenrolar do ano cinéfilo, este será um dos pontos altos.
terça-feira, fevereiro 07, 2012
DESTE ACORDO SOU A FAVOR: Há lá coisa mais bela do que uma mulher ou um homem a ler? Talvez haja, mas não muitas. Com uma pequena história a acompanhar, as fotografias ganham ainda mais força. Quantas vezes lamentei ficar sem saber nada sobre alguém que descobri a ler em público: o que o/a levou a escolher aquele livro, se está a gostar, etc.
segunda-feira, fevereiro 06, 2012
IRRELEVÂNCIA: Alberto Gonçalves qualifica de "assalto" o novo plano de financiamento do cinema apresentado pela Secretaria de Estado da Cultura. Faz-lhe, aparentemente, muita confusão que o Estado subtraia 50 milhões de euros anuais à frágil economia de empresas e particulares e que os entregue de mão beijada aos profissionais do cinema, esses parasitas. Não há nada aqui que surpreenda quem conhece a personagem; não contem com Alberto Gonçalves para brincar com a sua coerência, consolidada ao longo de incontáveis crónicas hebdomadárias no "Diário de Notícias", onde aliás está em valorosa companhia.
Onde AG descarrila um tudo-nada (atrevo-me a dizê-lo) é quando acusa de irrelevância os criadores de cinema português, aparentemente apenas com base em critérios de bilheteira (seria uma maldade imperdoável pedir a AG um argumento de natureza estética). AG é um homem de lucidez comprovada, que nada há demasiado tempo nas águas aprazíveis da sua própria irrelevância para que um juizo tão distorcido lhe seja relevado. Mais para benefício do eventual leitor desprevenido do que do principal interessado, que certamente deu pela argolada em menos tempo do que leva a escrever isto num teclado, vamos então à clarificação que se impõe:
Dispenso-me de fazer um desenho.
Onde AG descarrila um tudo-nada (atrevo-me a dizê-lo) é quando acusa de irrelevância os criadores de cinema português, aparentemente apenas com base em critérios de bilheteira (seria uma maldade imperdoável pedir a AG um argumento de natureza estética). AG é um homem de lucidez comprovada, que nada há demasiado tempo nas águas aprazíveis da sua própria irrelevância para que um juizo tão distorcido lhe seja relevado. Mais para benefício do eventual leitor desprevenido do que do principal interessado, que certamente deu pela argolada em menos tempo do que leva a escrever isto num teclado, vamos então à clarificação que se impõe:
- Realizador português: Manoel de Oliveira, João César Monteiro, João Botelho, João Canijo, Pedro Costa, Teresa Villaverde, Margarida Gil, Miguel Gomes, João Nicolau, ETC ETC - Trabalho sério, assistido por uma equipa de profissionais, frequentemente em condições precárias, para produzir algo de belo e complexo - Obras-primas como "Francisca", "Vale Abraão", "A Comédia de Deus", "Noite Escura", "Aquele Querido Mês de Agosto", ETC, ETC - Reconhecimento nacional e internacional - Obra feita. >>>>>>> RELEVANTE
- Alberto Gonçalves - Artigos de opinião semanais num diário que já conheceu melhores dias - Vagamente conhecido pela ironia romba, pelas comparações apressadas, pela frouxidão dos raciocínios, pela insuportável indulgência com que brande as suas armas contra os dogmas do Portugal bem pensante (os existentes também, mas sobretudo os inexistentes, que têm outro éclat) - Nenhuma obra, nenhuma credibilidade a não ser a que lhe concedem os seus pares (que, sem serem legião, fazem algum barulho). >>>>>>> IRRELEVANTE
Dispenso-me de fazer um desenho.
sexta-feira, fevereiro 03, 2012
SEM TIRAR NEM PÔR:
«Há meses que se debate o corte de feriados nacionais partindo do princípio, estabelecido pelo Governo, de que estes existem em dois tipos - aqueles de que o Executivo pode dispor, e a que chama "civis", e os outros, "religiosos", propriedade da Igreja Católica. Apesar de se imaginar a reação geral se para acabar com o 5 de Outubro o Governo negociasse com associações republicanas e laicas, esta visão Tordesilhas dos feriados não tem merecido contestação. (...)»
(Fernanda Câncio)
«Passos e outros ministros ostentam na lapela um pino com a bandeira da República. Suponho que sabem que aquela bandeira foi adoptada após o 5 de Outubro de 1910, data que, decidiram, deixará de ser feriado nacional. Talvez ignorem que foi pela primeira vez desfraldada no 1 de Dezembro de 1910, feriado também suprimido. (...)»
(Ricardo Alves)
«Há meses que se debate o corte de feriados nacionais partindo do princípio, estabelecido pelo Governo, de que estes existem em dois tipos - aqueles de que o Executivo pode dispor, e a que chama "civis", e os outros, "religiosos", propriedade da Igreja Católica. Apesar de se imaginar a reação geral se para acabar com o 5 de Outubro o Governo negociasse com associações republicanas e laicas, esta visão Tordesilhas dos feriados não tem merecido contestação. (...)»
(Fernanda Câncio)
«Passos e outros ministros ostentam na lapela um pino com a bandeira da República. Suponho que sabem que aquela bandeira foi adoptada após o 5 de Outubro de 1910, data que, decidiram, deixará de ser feriado nacional. Talvez ignorem que foi pela primeira vez desfraldada no 1 de Dezembro de 1910, feriado também suprimido. (...)»
(Ricardo Alves)
quinta-feira, fevereiro 02, 2012
DO PATNA AO COSTA CONCORDIA: Não alinho em julgamentos na praça pública; não sei se o capitão Schettino (descrito como "o homem mais odiado de Itália", o que mais parece o título de uma futura biografia ou adaptação ao cinema) é ou não culpado de abandono do navio que estava sob sua responsabilidade máxima. O que sei, o que a grande literatura ensina, é que os falhanços morais mais atrozes podem ser seguidos, muito mais tarde, por actos de heroísmo supremo e absurdo, como um eco invertido da cobardia primordial.
Nunca subestimem os extremos a que pode levar o desejo de redenção, nem a generosidade com que o destino concede as ocasiões para isso.
Basta recordar o Lord Jim de Conrad.
(E tomara aos media internacionais a lucidez e a lentidão do narrador Marlow.)
Nunca subestimem os extremos a que pode levar o desejo de redenção, nem a generosidade com que o destino concede as ocasiões para isso.
Basta recordar o Lord Jim de Conrad.
(E tomara aos media internacionais a lucidez e a lentidão do narrador Marlow.)
terça-feira, janeiro 31, 2012
THINKING OUTSIDE THE BOX: Dizem-nos para sairmos da nossa zona de conforto, pedem-nos ideias brilhantes para melhorar Portugal. Pois bem, o que eu proponho é muito simples: não só manter o 5 de Outubro como feriado, mas adicionar à lista de feriados o 31 de Janeiro, data da revolta republicana na cidade do Porto.
Chama-se a isto pensamento lateral, chama-se a isto agir em contra-ciclo. Não sei se merece uma petição online.
PS - Ainda não chegou o momento de dizer tudo aquilo que penso sobre a tragicomédia da eliminação de feriados, mas isso não tardará.
Chama-se a isto pensamento lateral, chama-se a isto agir em contra-ciclo. Não sei se merece uma petição online.
PS - Ainda não chegou o momento de dizer tudo aquilo que penso sobre a tragicomédia da eliminação de feriados, mas isso não tardará.
NUVENS PASSAGEIRAS: Independentemente dos seus contornos legais, o caso do encerramento do site Megaupload só veio alimentar as minhas dúvidas sobre as virtudes do armazenamento de dados em nuvem, pelo menos quando aplicado aos particulares. Neste momento, muitos utilizadores vêem-se impossibilitados de aceder a ficheiros perfeitamente legais que julgavam estar em segurança. Ceder aos cantos imateriais da etérea nuvem, trocar segurança por mobilidade e acessibilidade, tem riscos associados, e sempre os terá (digo eu, na minha ignorância de leigo). Ainda está por inventar um substituto à altura para o bom e velho disco externo USB. Cabe no bolso, resiste aos choques e vai connosco para onde quisermos.
LEITURAS EM LUGARES PÚBLICOS:
- Na linha verde do metropolitano de Lisboa, uma leitora lia o "Diário de um Pároco de Aldeia", de Bernanos, na edição antiguinha da Verbo (livros RTP).
- Mesmíssima cidade, mesmíssimo meio de transporte, mesmíssima linha: um leitor lia "Húmus", de Raul Brandão.
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