Em 2012, não fui tantas vezes ao cinema quanto teria gostado, muito por culpa da teimosia dos dias que se recusam a ter mais de 24 horas. (É um problema que vem de longe.) Por exemplo, perdi o celebradíssimo "Amour", de Michael Haneke, um cineasta que se torna irritante e pomposo com demasiada frequência mas que é sem dúvidas capaz de fazer bons filmes ("Caché", "Code Inconnu").
Do que vi, retirei a impressão de que foi um ano sem grandes obras-primas, mas com um punhado de filmes muito bons e originais.
Vou deixar o meu "top 5" para outro dia, por me parecer que existe um fosso entre esses 5 e os demais que justifica tratamento à parte.
Hoje vou limitar-me a revelar as posições 6 a 10, sem nenhuma ordem em particular.
- "Cosmopolis", de David Cronenberg. Gostei bastante, mas senti que não descolou do estilo e do registo de Don DeLillo. Como sou apreciador desse estilo e desse registo, a minha apreciação positiva foi consequência natural.
- "Moonrise Kingdom", de Wes Anderson. Por vezes a roçar o genial, frequentemente tocante, sofre com os sub-enredos envolvendo as personagens adultas (apesar de actores que eu adoro, como Frances McDormand e Bill Murray) e com a parte final algo apalhaçada.
- "Elena", de Andrey Zvyagintsev. Menos conseguido do que "O Regresso", ainda assim um filme sóbrio e inteligente.
- "Le Havre", de Aki Kaurismäki. Aprecio o estilo e a coerência de AK em elevadíssimo grau. Este não é dos meus filmes preferidos dele, mas seria preciso um autêntico suicídio artístico, ou um ano excepcionalmente rico em obras de génio, para que um filme de Kaurismäki não entrasse no "top 10".
- "Bonsái", de Cristián Jiménez. Um pouco em jeito de prémio simpatia, mas contém ideias e momentos interessantes em número suficiente para dispensar os favores ou a condescendência. E que bom seria que surgissem nas salas portuguesas mais filmes de cinematografias remotas (Chile, neste caso).
![]() |
Diego Noguera em "Bonsái", de Cristián Jiménez (2011) |