O edifício é imponente sem ser ostentatório, o interior foi concebido de modo a tirar o máximo partido da luz natural, a colecção é variada e integra desde antiguidades a objectos decorativos, pintura e escultura; a qualidade é uniformemente muito boa e a visita faz-se, sem forçar, numa manhã. Ao Petit Palais não ficaria mal um apodo como "o anti-Louvre".
O Petit Palais fica situado entre a margem direita do Sena e os Champs-Elysées, e face (como seria lícito supor) ao Grand Palais. Ambos os edifícios foram construídos com vista à exposição universal de 1900. Como é inevitável em França, não faltaram detractores e defensores que protagonizaram uma disputa efémera mas acesa. Julien Green, por exemplo, detestava-os a ambos, ao grande como ao pequeno. Paul Claudel, pelo seu lado, elogiou o pátio interior do Petit Palais e afirmou que tudo o que se lhe seguiu em arquitectura foi marcado pelo estigma da decadência.
Não seria difícil destacar uma mão cheia de quadros expostos no Petit Palais. Fico-me por dois.
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Gustave Courbet, "Autoportrait au chien noir" (1842) |
É extremamente raro deparar com uma obra de Courbet que me deixe indiferente. Este auto-retrato tem tudo: originalidade, insolência, e uma aparente simplicidade de meios quase rústica. É um quadro inteiro, sincero e perturbador, ou seja tudo aquilo que se espera de Courbet.
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Pierre Bonnard, "Conversation à Arcachon" (1926-1930) |
Bonnard é um enigma pessoal. Nunca me ocorre o seu nome quando me forço, por ócio ou estímulo alheio, a fazer a lista dos pintores que verdadeiramente contam para mim. E no entanto, dele posso dizer com convicção aquilo que não posso dizer de muitos: os seus quadros interpelam-me, todos parecem albergar um segredo, grandioso ou corriqueiro; algo na sua imperfeição, num detalhe ou num capricho da sua execução transformam-nos em coisa única.
Como se tudo isto não bastasse, a loja do museu, embora pequena, está muito bem fornecida, e o museu é dotado de um jardim interior onde apetece passar o tempo.